A propósito do Dia Mundial da Diabetes, assinalado no passado dia 14, o “Diário do Alentejo” conversou com a médica coordenadora da Unidade Integrada de Diabetes da Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (Ulsba), Isabel Ramôa, sobre os principais objetivos desta iniciativa, os fatores de risco associados ao território e as medidas indispensáveis para uma correta prevenção da diabetes.
Texto José Serrano
Celebrou-se, recentemente, o Dia Mundial da Diabetes. Quais os objetivos desta iniciativa?
O Dia Mundial da Diabetes, celebrado a 14 de novembro, foi criado pela Federação Internacional de Diabetes (IDF) e pela Organização Mundial de Saúde (OMS). A data escolhida é a do aniversário de Frederick Banting, que, em parceria com Charles Best, descobriu a insulina, em 1922, permitindo a vida para as pessoas com diabetes Tipo 1, até então mortal. O propósito deste dia é sensibilizar os cidadãos a adotarem um estilo de vida saudável, evitando as consequências negativas desta doença. Releva-se ainda a importância das políticas públicas para a prevenção e tratamento da diabetes. A campanha 2024-26, promovida pela IDF, adotou o tema “Para uma vida melhor com diabetes”, tentando um movimento mundial para uma abordagem abrangente e eficaz desta patologia pandémica.
Quais os principais fatores de risco associados ao território?
Em Portugal, de acordo com a recente publicação do “Relatório do Programa Nacional da Diabetes”, a prevalência da diabetes no final de 2023 era já de mais de 900 000 inscritos nos cuidados de saúde primários (CSP). No Alentejo, à mesma data, estavam inscritas 51 840 pessoas com diabetes, apresentando, neste último ano, uma incidência de 7,8 novos casos por 1000 habitantes, só ultrapassada pela região Norte. De notar que cerca de um milhão de pessoas, no País, têm um importante risco de vir a desenvolver a doença e que, nesta fase, a evolução é evitável, se trabalhada a sua prevenção. Os principais fatores de risco, comuns às outras regiões e a outros países, são a inatividades física, o peso excessivo, a ingestão inadequada de alimentos calóricos e açucarados, o envelhecimento, a história familiar de diabetes e pessoal, desenvolvida na gravidez. Mas há uma “geografia” da diabetes onde as desigualdades sociais a tornam mais prevalente e mortal, que na nossa região está patente, para além do envelhecimento, na ruralidade, no isolamento, na dificuldade de acesso aos cuidados de saúde, na iliteracia, no desemprego e na depressão.
Quais as medidas indispensáveis para uma correta prevenção da diabetes?
Ser ativo e associar atividades como caminhar, pedalar, dançar ou nadar. A OMS preconiza para os adultos, durante a semana, pelo menos 150 a 300 minutos de atividade física moderada. Não deixar morrer uma tradição como a dieta mediterrânica, escolher hortícolas e frutas locais e da época, preferir o pescado, consumir leite e derivados com moderação, eleger o azeite, sem exagero, e usar ervas aromáticas em substituição do excesso de sal. As responsabilidades pela saúde de uma população complementam-se entre as escolhas individuais de cada habitante, as respostas adequadas e atempadas dos serviços de saúde e a promoção autárquica de cidades, vilas e aldeias saudáveis, onde haja lugar ao desenvolvimento de literacia em saúde, com espaços para a prática de atividades de exercício físico e de convívio, geradores de melhoria da saúde.