Deverá entrar em funcionamento no próximo dia 15, mantendo-se até ao início de fevereiro de 2025, um novo centro de acolhimento noturno temporário criado pela Câmara de Beja, destinado a pessoas em situação de sem-abrigo. Os contentores, climatizados, terão capacidade, na totalidade, para 35 pessoas.
Texto | Nélia Pedrosa
O centro de acolhimento temporário de pernoita criado pela Câmara Municipal de Beja no âmbito do Plano de Contingência Contra o Frio, que deverá entrar em funcionamento no próximo dia 15, terá capacidade para 35 pessoas em situação de sem-abrigo, avançou, ao “Diário do Alentejo”, a vereadora com o pelouro da Ação Social, sem relevar, no entanto, “por questões de proteção” dos destinatários, o equipamento municipal que acolherá cerca de uma dezena de contentores. “É um local que não prejudica ninguém e que nos dá a possibilidade de operacionalizar este plano que se destina a proteger aqueles que são mais vulneráveis, que neste momento se encontram na rua e não têm onde pernoitar, para, pelo menos durante este período em que as condições climatéricas são mais adversas, lhes possamos dar alguma dignidade e conforto”, diz Marisa Saturnino.
Segundo a autarca, “o procedimento de aluguer dos contentores já está em marcha, sendo que serão instalados quando a empresa tiver disponibilidade para tal”. Ainda nesta semana ou no início da próxima, sublinha, terá lugar uma reunião do Npisa (Núcleo de Planeamento e Intervenção dos Sem-Abrigo), que integra, para além da autarquia, entidades como a Cáritas Diocesana e a associação Estar, para “operacionalizar as normas de funcionamento ajustadas à realidade atual”. Marisa Saturnino frisa, no entanto, que “já há muito trabalho que foi feito” aquando da entrada em funcionamento, entre fevereiro e março deste ano, do centro de abrigo temporário noturno instalado no Estádio Flávio dos Santos, que acolheu as pessoas em situação de sem-abrigo que pernoitavam no antigo “edifício da Refer”, entretanto limpo e entaipado. “Isso simplifica-nos a vida, mas temos de avaliar com as várias entidades que trabalharam connosco no início do ano o que é que foi bem feito e o que é que pode ser ainda melhorado”, esclarece, acrescentando que depois de “identificadas essas pessoas [em situação de sem-abrigo] ser-lhes-á dada a conhecer esta alternativa, caso estejam interessadas”.
O centro deverá funcionar até ao início de fevereiro do próximo ano, uma vez que a partir dessa data o equipamento municipal será necessário para outro fim. A vereadora sublinha, contudo, que irão “monitorizar o trabalho que vai ser feito [nestes meses], reavaliando e reajustando às necessidades”, sendo que “se estiver muito frio” terão de “pensar numa alternativa”.
O novo centro de acolhimento temporário, à semelhança do que se verificou no centro criado no Estádio Flávio dos Santos, será constituído por dormitórios climatizados e instalações sanitárias e terá, durante o seu funcionamento, uma empresa que acautelará a segurança dos residentes. As equipas do SAAS (serviços de atendimentos e acompanhamento social) da autarquia, assim como das outras entidades que fazem parte do Npisa, por sua vez, farão o acompanhamento das pessoas que integrarem o centro de acolhimento temporário, como aconteceu no início do ano. “Um processo desta natureza tem de ter sempre acompanhamento técnico. Neste caso em concreto, vai ter de se definir, atendendo às pessoas que forem para este centro de pernoita, quem é que pretende colaboração técnica na questão da habitação, que é fundamental, ou em outras situações, nomeadamente, associadas à saúde ou outras necessidades básicas”, refere Marisa Saturnino, salientando que este é um plano “como tantas outras câmaras municipais do País têm neste momento, atendendo ao contexto atual [das pessoas em situação de sem-abrigo]”.