Diário do Alentejo

No dia de São Martinho vá à adega e prove o vinho

08 de novembro 2024 - 18:30
Abertura Simultânea das Talhas, em Vidigueira e Cuba, tem lugar na segunda-feira

A prova do vinho novo de talha celebra, na região, a arte ancestral deste processo de vinificação desenvolvido pelos romanos. A tradição da celebração deste néctar singular, perpetuado através das gerações, aproxima produtores e consumidores, numa comunhão festiva, “de profunda alegria partilhada”, em que o cante alentejano está, também, presente.

 

Texto |José SerranoFoto | Ricardo Zambujo

Com início às 15:00 horas, a Abertura Simultânea das Talhas irá ter lugar na segunda-feira, Dia de São Martinho, nas várias adegas aderentes dos concelhos de Vidigueira e Cuba. Nesta terceira edição, o município de Vidigueira convidou o de Cuba para integrar o evento, “com o intuito de alargar a sua expressão geográfica e abranger também a participação de outras adegas/produtores de vinho”. De acordo com a Câmara de Vidigueira, trata-se de mais uma iniciativa inserida “no plano estratégico de promoção e salvaguarda da prática tradicional de produção de vinho de talha, promovido pelas duas autarquias, que passa pela dinamização de diversas outras ações, para que este produto âncora acrescente valor à dinamização económica e turística do território, através da valorização dos recursos já existentes e da criação de novas oportunidades”. A organização recorda que “a abertura das talhas faz parte do processo milenar de vinificação artesanal do vinho de talha, perpetuada de geração em geração”.

Rui Raposo, presidente da Câmara de Vidigueira, considera ser este um momento de “grande importância simbólica”, tanto para o concelho a que preside “como para todo o Alentejo”, uma vez que celebra “uma prática única” na cultura vinícola do País e fortalece a identidade cultural e o “sentimento de orgulho e de pertença” entre os cidadãos do território. “Para as gentes do concelho, provar o vinho novo é um momento de celebração coletiva, em que todos partilham da mesma herança”, frisa, sendo que “é especialmente importante” para os produtores, permitindo-lhes divulgar a sua oferta, fortalecer as suas relações com a comunidade e valorizar o método artesanal do vinho de talha. “É uma ocasião em que produtores e consumidores se encontram para celebrar o fruto de um ano de dedicação e esta proximidade com o público é essencial para a preservação desta arte”.

Também o cante alentejano, espontâneo, é entoado pelos convivas aquando do abrir das talhas, o que “cria uma experiência verdadeiramente autêntica e emotiva”. Uma união, exemplar, que se revela uma “verdadeira celebração cultural” da região, transformando o evento “num momento, único e memorável, de profunda alegria partilhada”, acentua o edil.

Para esta terceira edição da Abertura Simultânea das Talhas o autarca transmite “grandes expectativas”, reforçadas pela adesão do município de Cuba, “que vem enriquecer o evento e reforçar a cooperação entre os municípios”. Uma parceria que “fortalece, ainda mais, a visibilidade e valorização dos concelhos” e amplia o “reconhecimento do vinho de talha como um pilar cultural do Alentejo”.

João Português, presidente da Câmara de Cuba, também realça “o momento de grande simbolismo” da abertura das talhas, uma tradição “profundamente enraizada” no concelho, considerando que a “integração nesta iniciativa confere ainda mais relevância a esta ocasião”, permitindo “reforçar o papel de Cuba como um dos principais guardiões” deste tipo de produção vinícola.

Paralelamente, a participação no evento “reforça o posicionamento do concelho como destino de excelência para o enoturismo no Alentejo, um dos pilares estratégicos da sua promoção turística”, observa. O autarca crê, ainda, que esta participação de Cuba na Abertura Simultânea das Talhas, que acontece neste ano pela primeira vez, “representa a união e a cooperação entre os produtores de vinho de talha dos dois concelhos”, reforçando, assim, o objetivo comum de salvaguarda desta arte. “Ao juntarmos esforços, demonstramos que a preservação e o desenvolvimento desta tradição passam pela colaboração entre vários agentes” e que a produção do vinho de talha “deve assentar num compromisso conjunto”, envolvendo a comunidade”, acrescentando, desta forma, valor “àquela que é uma das mais importantes heranças culturais do Alentejo”.

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