Diário do Alentejo

“No que se refere ao Baixo Alentejo, os mais idosos são os que se encontram em maior risco de pobreza, [assim como] as comunidades de etnia cigana e os migrantes”

26 de outubro 2024 - 08:00

Três Perguntas a João Martins, presidente do Núcleo Distrital de Beja da EAPN Portugal/ Rede Europeia Anti-Pobreza

 

A propósito da recente celebração do Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, data instituída em 1992 com o objetivo de “alertar a população para a necessidade de defender um direito básico do ser humano” e segundo os dados divulgados pela Rede Europeia Anti-Pobreza que revelam que 18 por cento dos portugueses são pobres o “Diário do Alentejo” conversou com o presidente do núcleo distrital de Beja da entidade, João Martins, sobre a atual situação no distrito, os fatores que têm contribuído para o registo desta factualidade, bem como as medidas que este considera urgente serem tomadas para que os níveis de pobreza, na região.

 

Texto | José Serrano

 

Celebrou-se, recentemente, o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, data instituída em 1992 com o objetivo de “alertar a população para a necessidade de defender um direito básico do ser humano”. Dados divulgados pela Rede Europeia Anti-Pobreza revelam que 18 por cento dos portugueses são pobres. Como classifica a situação de pobreza que atualmente se regista, particularmente, no distrito de Beja?Os indicadores referenciados, associados à pobreza, impactam sobre todo o território nacional. No que se refere ao Baixo Alentejo, os mais idosos são os que se encontram em maior risco de pobreza, aos quais se juntam as comunidades de etnia cigana e os migrantes, com forte presença em algumas localidades do território.

 

Quais os fatores que mais têm contribuído para o registo dessa factualidade?Baixos salários e baixas reformas, a que se soma o impacto recente da inflação (a refletir-se na alimentação, nos medicamentos e em outros bens de primeira necessidade), no acesso à habitação – elevados preços para aquisição e arrendamento, aumento das taxas de juros das prestações mensais, a que se associa a diminuta disponibilidade de habitação. Estes são alguns dos fatores que contribuem para que os mais idosos, grupos mais vulneráveis e muitas famílias enfrentem dificuldades acrescidas e se encontrem em risco de pobreza.

 

Que medidas considera urgentes serem tomadas para que os níveis de pobreza, na região, possam diminuir? O combate à pobreza e à exclusão social deve ser entendido como um desígnio coletivo, um desafio de cidadania que exige intervenções territorializadas que promovam a coesão social. O local tem especificidades e conhecimentos que devem ser valorizados na definição de estratégias e medidas de combate à pobreza. Fazer da pobreza um desígnio nacional, onde precisamos de políticas sólidas que atuem na prevenção das situações de pobreza, para eliminar as suas causas estruturais e promover o bem-comum. É imperioso que as medidas políticas sejam acompanhadas e traduzidas numa intervenção de capacitação próxima das pessoas, apostando e reforçando as suas competências humanas de iniciativa e autonomia, na superação dos seus próprios problemas.

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