Diário do Alentejo

Futurama volta a apostar em experiências que cruzam fronteiras geográficas e artísticas

27 de setembro 2024 - 12:00
Festival decorrerá ao longo de três fins de semana em Serpa, Mértola e BejaFoto| DR

Arranca hoje, sexta-feira, em Serpa, a terceira edição do Festival Futurama, que, em outubro, passará ainda por Mértola e Beja. Colaborações entre artistas portugueses e espanhóis e o projeto “Cantexto”, que une escritores e grupos de cante da região, são algumas das propostas.

 

Texto | Nélia Pedrosa

 

Celebrar “um ciclo contínuo da criatividade de artistas e comunidades locais, que partilham no festival o seu amor à terra, ao território, à criação e à experimentação que é cultivada ao longo do ano” é o objetivo de mais uma edição do Festival Futurama, a terceira, que decorrerá em Serpa, entre hoje e amanhã, dias 27 e 28, em Mértola, a 5 de outubro, e em Beja, nos dias 11 e 12 também do próximo mês.

John Romão, diretor artístico do Futurama – Ecossistema Cultural e Artístico do Baixo Alentejo, projeto que engloba o festival, reforça, em declarações ao “Diário do Alentejo”, que continuam a apostar, “por um lado, na descentralização da oferta cultural no território do Baixo Alentejo”, através de “processos de criação e experimentação artística multidisciplinar, cruzando territórios e experiências diferentes”, e, “por outro, numa dimensão educativa e participativa”, de que é exemplo “a relação contínua, desde o início, entre artistas e instituições de ensino” da região.

“Algo que é distintivo neste festival é que ele surge depois de um ano de trabalho contínuo do [projeto artístico] Futurama. O Futurama começou em 2021 e a primeira edição do festival só surgiu em 2022 como uma necessidade de celebrar uma série de processos criativos que eram desenvolvidos e que continuam a ser desenvolvidos ao longo do ano”, adianta o responsável, frisando que o Futurama “não surge como mais um festival para se somar à lista dos inúmeros festivais que já existem no País”. Daí que o programa apresente, maioritariamente, “novas criações, processos que se estão a partilhar, alguns ainda em progresso”, e que “só uma ínfima parte” diga respeito “a projetos já existentes e que são convidados para serem partilhados com a comunidade”, porque “acrescentam um sentido, reforçam alguns objetivos da própria programação de cada edição”.

Do vasto programa para esta terceira edição, John Romão destaca, por exemplo, “as colaborações entre artistas portugueses e espanhóis”, que o festival “recupera da primeira edição”, estando agendada a performance de voz e movimento da dupla catalã Aurora Bauzà & Pere Jou com o Coro de Câmara de Beja (no dia 12 de outubro, na igreja de Santa Maria, em Beja), projeto desenvolvido em parceria com o Festival Escena Património (Espanha) e que já teve a sua antestreia em Cáceres. “Interessa-nos muito não só estas relações entre artistas portugueses e espanhóis, mas também a nível de parceria entre festivais, entre instituições culturais portugueses e espanholas”, sublinha o diretor artístico.

John Romão salienta, ainda, o projeto “Cantexto”, presente desde a primeira edição e “um dos ex-libris” do Futurama, que “une a poesia inédita”, encomendada, nesta terceira edição, aos autores portugueses Luísa Costa Gomes, Rui Cardoso Martins, Alice Neto de Sousa, Maria do Rosário Pedreira, Afonso Reis Cabral e Margarida Vale de Gato, com grupos de cante de Beja, Serpa e Alvito – Moças da Aldeia, Cantadores de Nossa Senhora das Neves, Rouxinóis do Alentejo, Papoilas do Enxoé, Os Arraianos (Serpa) e Rama Verde (Alvito) – e as compositoras Celina da Piedade e Ana Santos. Serão, também, apresentados os processos criativos desenvolvidos ao longo do ano entre artistas de artes visuais (Maria Imaginário), da dança (Filipa Francisco) e da arquitetura/artes visuais (Os Espacialistas) com turmas de escolas secundárias e profissionais.

O diretor artístico espera que esta terceira edição do Futurama “possa despertar o interesse de públicos com gostos artísticos diferentes, de gerações também distintas”. Para 2025, adianta, a intenção é estabelecer parcerias com outros concelhos do distrito de Beja, estando, de momento, a decorrer conversações nesse sentido. “É tão positivo para nós como para os municípios, o poderem tecer também relações entre si”, considera, acrescentando que outro dos projetos passará pela abertura, em meados de novembro, em frente ao Museu Regional de Beja, de “um espaço de fruição pública”, designado Futurama – Espaço de Artes e Conhecimento, que irá “combinar uma programação artística com ações de capacitação e formação”. De forma a dar a conhecer este novo projeto, o espaço acolherá já, no dia 12 de outubro, no âmbito do festival, “uma conversa”, que contará com as participações de Clara Palma, Cristina Matos e Margarida Vale de Gato e que será mediada por John Romão e Ana Ademar.

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