Diário do Alentejo

“Viagem guiada pelas emoções”

07 de setembro 2024 - 08:00
Minas, da autoria de 12 escritores alentejanos

Assesta, fundada em 2015

 

Fundada por 15 autores vinculados à região, a Assesta – Associação de Escritores do Alentejo tem o objetivo de promover a literatura “nas terras desafogadas de além Tejo”. Nesta quase década de existência, a Assesta tem concretizado, plenamente, os propósitos da sua criação. Entre outras atividades, publicou, sob a sua chancela ou em parcerias, 13 obras, criou dois prémios literários, organizou encontros de autores, conteúdos para feiras do livro e outros eventos literários. 

 

Foi recentemente apresentado, em Castro Verde, no âmbito da terceira edição do Festival Castro Mineiro, o livro Minas, obra de contos da lavra de uma dúzia de escritores da Assesta. O “Diário do Alentejo” conversou com Luís Miguel Ricardo, um dos sócios fundadores da associação.

 

Como nos apresenta esta obra, escrita a 12 mãos?

12 mãos, 12 narrativas, 12 perspetivas de um mesmo objeto de criação literária – Minas. Trata-se de um conjunto de textos eclético, através dos quais os autores exploram as emoções singulares que os vinculam a um tema que, não sendo de amplo espectro na totalidade do território, é fundamental para a geografia humana das terras mineiras. Drama, comédia, aventura e amor são alguns dos ingredientes presentes nesta coletânea de contos.

 

Imaginamos minas como lugares onde a vida é escura e difícil. Permite a imaginação literária presente neste livro a entrada de luz, nas histórias que conta?

O desconhecido, o subterrâneo, o místico, são contextos que despertam, naturalmente, o interesse e a curiosidade das pessoas que conseguem pôr a criatividade literária a viajar por esses meandros carregados de incertezas. É um desafio à imaginação de todos e um desafio à reminiscência de alguns. E dessa viagem guiada pelas emoções brotam histórias com amor, sorrisos e luz. Mas, também, outras histórias mais sombrias.

 

É o palco onde as narrativas se desenvolvem, as minas, estimulantemente rico?

Como qualquer tema selecionado para criação literária, a riqueza vai sempre depender da singularidade dos autores que abraçam o projeto. E nesta proposta de trabalho encontrámos um pouco de tudo no seio dos associados. Autores que à proposta disseram “não”, porque não tinham qualquer sintonia com o tema. Autores que disseram um “sim”, carregado de “até que enfim, as minas”. Autores que ficaram reticentes e que tiveram de recorrer às suas competências literárias para marcar presença na obra. Em suma, a riqueza do tema brota da intimidade que os autores têm com o mesmo.

 

Os contos apresentados são, fundamentalmente, ficcionados ou vivem de narrativas familiares verídicas, próximas dos autores?

A grande maioria das narrativas estão ancoradas em acontecimentos reais e/ou autobiográficos dos seus criadores. Esta obra não foge da regra, verificando-se essa ponte entre vivências reais e acontecimentos ficcionados, entre cenários existentes e contextos imaginários. Em síntese, encontramos criatividade literária no seu esplendor.

 

O que mais gostaria, enquanto representante da Assesta, que este livro pudesse levar aos seus leitores?

Esta Coleção de Contos Assesta, entre outros objetivos, tem a finalidade de mostrar e promover o património cultural do território. Por isso, Minas tem essa ambição e a ambição da Assesta é a ambição dos seus associados: promover a literatura nas terras desafogadas de além Tejo e promover as terras desafogadas de além Tejo na literatura.

 

José Serrano

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