Celebrando os 50 anos de Abril, a 14.ª Feira Histórica de Serpa tem início hoje, sexta-feira, 23, acolhendo as ruas do centro da cidade até domingo, 25, um conjunto de atividades que pretende homenagear “o mais importante acontecimento histórico do século XX em Portugal”.
Texto | José Serrano
O município de Serpa promove, entre hoje, 23, e domingo, a 14.ª Feira Histórica de Serpa, sob o tema “50 anos de Abril”. A iniciativa, com entrada livre, tem o objetivo de proporcionar, de acordo com Odete Borralho, vereadora da Câmara Municipal de Serpa, “uma viagem no tempo”, evocando a ditadura, que vigorou desde 1926, o início da Revolução dos Cravos, momento fundador que “marcou a vitória da liberdade e da democracia contra o fascismo”, e as conquistas que “transformaram, profundamente, a vida política, económica, social e cultural do País”, consagradas na Constituição da República de 1976.
Meio século passado sobre Abril, “importa mostrar, sobretudo, às gerações mais jovens, o mais importante acontecimento histórico do século XX em Portugal”, os seus protagonistas e os seus resultados para a vida individual e coletiva do povo português, declara a responsável camarária, que considera a homenagem, particularmente, pertinente nos dias de hoje. “Cada vez mais se assiste a uma tentativa de eliminação, esquecimento ou branqueamento do que foi o 25 de Abril – as suas origens, a sua construção e as suas consequências. Não queremos esquecer. Queremos valorizar e, com esta valorização, contribuir para que cada um se sinta parte deste país e da construção da democracia portuguesa”, sublinha.
Escolhendo homenagear Abril, a Feira Histórica de Serpa presta, também, homenagem ao povo do concelho, “em especial, aos resistentes antifascistas, muitos deles presos, torturados, perseguidos, forçados à clandestinidade, cuja luta abnegada contribuiu para a liberdade e democracia e para a construção do desenvolvimento e do progresso social”, acentua Odete Borralho.
De um programa que acolhe múltiplas atividades e que pretende recriar através de elementos de cenografia e decoração, da animação musical e do teatro, “o antes, o durante e o depois desse ‘dia inicial inteiro e limpo’”, destaque para o espetáculo “Reviver o Festival da Canção” (domingo, 22:00 horas), com a participação especial de António Calvário, Dora, Ricardo Raposo, Maria Curado Ribeiro, Sara Brás e Grupo de Teatro (En)Cena, uma viagem musical pelo festival da canção que reflete o “impacto que a Revolução teve no panorama artístico português”.
Sobre as expectativas para este evento, Odete Borralho transmite: “O objetivo da Feira Histórica de Serpa é, fundamentalmente, a transmissão de conhecimento acerca de acontecimentos históricos que ocorreram no nosso país. Neste ano pretende-se não só dar a conhecer a história e as suas componentes, mas também valorizar um período recente do nosso país, que contribuiu decisivamente para o Portugal que temos hoje, com todos os aspetos positivos e negativos. Para a história ficará que em 25 de abril de 1974 teve lugar uma revolução popular em Portugal. E para a história ficará, também, que todos e cada um de nós podemos dela fazer parte, reivindicando, exigindo, participando, construindo a vida coletiva e melhorando as condições de vida do povo português”.