Diário do Alentejo

“Continuar a executar uma governação efetiva, com rigor, transparência e equilíbrio, apoiada na competência dos seus trabalhadores e em dialogo permanente com as entidades”

17 de agosto 2024 - 08:00
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Três Perguntas a José Godinho Calado, diretor regional do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF)

A propósito da recente tomada de posse enquanto diretor regional do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) o “Diário do Alentejo” conversou com José Godinho Calado sobre o diagnóstico, no âmbito das competências do ICNF, das principais necessidades da região, as medidas necessárias a serem tomadas, a curto/médio prazo, em prol do território e das populações e a sua visão quanto ao novo paradigma agrícola registado no território.

 

Texto | José Serrano

 

Já teve oportunidade de elaborar o diagnóstico, no âmbito das competências do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), das principais necessidades da região? As principais necessidades da região Alentejo, enquadradas nas competências do ICNF, são a gestão do património natural e florestal, com a participação dos atores do desenvolvimento territorial, para garantir um ordenamento equilibrado do território e a diminuição do risco de desertificação em regiões caracterizadas por baixa densidade populacional. A gestão deve, assim, considerar as componentes ambiental, social e económica, com aplicação de conhecimento e ferramentas técnicas e de uma governação assente nos bons princípios e na legalidade determinada pelos respetivos regulamentos. Só assim é possível obter benefícios nas componentes já referidas, para contrariar a desertificação e a consequente degradação do património natural e florestal.

 

Como responsável do ICNF do Alentejo, quais as medidas que julga necessárias serem tomadas por este organismo, a curto/médio prazo, em prol do território e das suas populações? Continuar a executar uma governação efetiva, com rigor, transparência e equilibro, apoiada na competência dos seus trabalhadores e em diálogo permanente com todas as entidades. As medidas têm de estar integradas nas políticas nacionais de ordenamento e de gestão do território e sujeitas à verificação dos regulamentos da União Europeia. Em virtude da área geográfica que ocupa e dos ecossistemas que existem no Alentejo, manter e apoiar a regeneração de um ecossistema como é o montado, com grande multifuncionalidade, diversidade e riqueza, é essencial para a região e para o País. O mesmo entendimento para a riqueza que caracteriza a costa alentejana e para os parques e reservas naturais da região.

Com um novo paradigma agrícola registado no território, considera que a “convivência” entre as monoculturas intensivas e superintensivas e a fauna e flora autóctones tem sido a mais recomendável? Tecnicamente, a questão não passa pela monocultura mais ou menos intensiva, mas pela gestão apoiada em conhecimento e em opções tomadas em função das condições ecológicas, solo e clima, adequadas ao uso que se pretende. Por exemplo, o olival é uma cultura dominante nos designados sistemas intensivos do Alentejo. Se for instalado em solos com boa drenagem interna, poder-se-á evitar o uso de camalhões e, após a plantação, existirá um contributo para a biodiversidade, a partir de uma gestão adequada da flora na entrelinha e um acréscimo de matéria orgânica do solo. Em síntese, nos usos agrícolas questionados, para o património natural é relevante usar práticas integradas de agricultura de conservação e de precisão, garantindo a preservação de recursos escassos e essenciais como o solo, a água e a energia.

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