Diário do Alentejo

“Uma das grandes mais-valias desta candidatura é a sua dimensão transnacional e o potencial de relação transfronteiriça que aporta em termos de escala turística”

06 de julho 2024 - 08:00
Três Perguntas a Rosinda Pimenta, vice-presidente e vereadora da Câmara Municipal de Mértola

No passado dia 12, os municípios de Barrancos, Mértola, Moura e Serpa, em parceria com as regiões da serra de Aracena, Picos de Arroches e Bacia Mineira (Espanha), viram aprovadas as ações de candidatura para o novo Geopark Transnacional Mundial da Unesco. O projeto, que terá um custo elegível superior a 605 mil de euros assegurado pelo fundo comunitário Feder, apostará “na valorização e proteção dos recursos geológicos e naturais da região, destacando a sua singularidade e potencial turístico” através “da identificação e promoção de geossítios, sítios de interesse geológico e patrimonial”, procurando “conservar e divulgar a diversidade geológica e cultural do território”.

 

Texto | José Serrano

 

Os municípios de Mértola, Serpa, Moura e Barrancos, em parceria com os ayuntamientos das regiões da serra de Aracena e Picos de Aroche e da Bacia Mineira, em Huelva, (Espanha), viram, recentemente, aprovadas as ações para a candidatura a Geoparque Transnacional Mundial da Unesco. Quais os principais argumentos do território para que a criação deste parque, chancela da Unesco, possa vir a ser uma realidade?Uma das grandes mais-valias desta candidatura é a sua dimensão transnacional e o potencial de relação transfronteiriça que aporta em termos de escala turística. A par desta dimensão encontra-se a riqueza geológica do conjunto e a relação com o restante património natural e cultural em presença. O território proposto para o geoparque integra as áreas do Parque Natural do Vale do Guadiana e do Parque Natural da Serra de Aracena e Picos de Aroche, as áreas das serras da Adiça e de Ficalho e o Parque de Natureza de Noudar – de particular interesse para a biodiversidade –, áreas de elevado valor cultural e patrimonial associadas à Faixa Piritosa Ibérica, como Mina de São Domingos e Minas de Riotinto, bem como um património cultural muito vasto associado à história, à etnografia e à gastronomia.

 

Considera que o reconhecimento da Unesco poderá contribuir de forma marcante para o desenvolvimento sustentável deste território do Baixo Alentejo? A marca dos Geoparques Mundiais da Unesco é reconhecida internacionalmente e está associada a uma oferta de turismo sustentável, que considera as dimensões sociais, ambientais, culturais e económicas de desenvolvimento dos territórios. Estarmos associados a esta marca significa integrarmos o circuito turístico mundial dos geoparques e recebermos uma maior visibilidade nacional e internacional, com o expectável aumento da procura turística, associada a um perfil de visitante consciente das dimensões da sustentabilidade. O selo é ainda garante da salvaguarda dos valores geológicos, ambientais e culturais.

 

Aprovada a candidatura, quais as fases que se lhe seguirão? Após a aprovação desta candidatura, os parceiros nacionais e espanhóis têm cerca de dois anos para preparar o dossiê de candidatura para apreciação da Unesco. Do lado português, o documento encontra-se já numa fase adiantada, com a fundamentação científica realizada e a concertação da oferta turística dos territórios envolvidos. Segue-se, agora, a fase de constituição da entidade de gestão da candidatura e a oficialização da pretensão à designação de aspirante a geoparque mundial, junto da Comissão Nacional da Unesco. Em articulação com os parceiros espanhóis será desenvolvida uma agenda cultural, educativa e turística conjunta para dinamização da parceria constituída e dos respetivos territórios.

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