Diário do Alentejo

Violência nas ruas de Beja preocupa moradores e comerciantes

07 de julho 2024 - 08:00
Episódios têm vindo a ser relatados com periodicidade crescente
Foto | Ricardo ZambujoFoto | Ricardo Zambujo

A cidade de Beja tem vindo a assistir, de forma recorrente, a episódios de violência física, envolvendo, maioritariamente, população imigrante. No sentido de colmatar o problema, o movimento político Beja Consegue, criticando a Câmara de Beja na sua falta de atuação, considera a necessidade de implementação de um conjunto de medidas que vise mais integração, vigilância e segurança. Por outro lado, moradores e comerciantes do centro da cidade levaram a cabo uma petição pública que pretende a presença de mais polícias nas ruas, de forma a atenuar o sentimento de insegurança “instalado na sociedade”.

 

Texto José SerranoFoto Ricardo Zambujo

 

Ruas do centro histórico de Beja, emblemáticas do comércio local e identitárias da cidade, têm sido palco, nas últimas semanas, de vários episódios de violência. Envolvendo, na sua maioria, diversos cidadãos imigrantes, os incidentes, registados, entre outros locais, na praça da República e na zona genericamente conhecida como “portas de Mértola”, têm sido desencadeados, frequentemente, à luz do dia. Os atos, que se têm revelado inusitados pela violência usada, pelo número de pessoas envolvidas e pela constância com que ocorrem, preocupam moradores e comerciantes. No âmbito desta insegurança popular que se verifica, foram, recentemente, desencadeadas duas iniciativas – um comunicado, proveniente de um movimento político, e uma petição pública.

Assim, o Beja Consegue, coligação partidária representada na câmara municipal pelo vereador Nuno Palma Ferro, divulga, através de comunicado público, a sua preocupação “pelas manifestações de violência, desacatos e insegurança que têm ocorrido na cidade de Beja”. No documento, intitulado “Mais integração, mais vigilância, mais segurança”, pode ler-se: “Estamos conscientes de que o problema com que nos deparamos tem uma dimensão nacional, um contexto internacional, que limita de sobremaneira uma resposta local. Ou seja, sabemos que a Câmara Municipal de Beja está limitada na sua ação, mas não incapaz de ter uma liderança e uma estratégia que, a existir, não se vê. É nossa convicção de que o município pode fazer mais, e que tem de, insistentemente, procurar soluções, monitorizar e minimizar a situação”.

Considerando que existe a necessidade de se encontrar respostas capazes de “integrar, e encontrar soluções de trabalho na nossa região”, às pessoas que provindas de “50 nacionalidades, com culturas diferentes, interesses diferentes, e, por certo, objetivos diferentes”, chegam até à cidade, o documento expõe, contudo, a necessidade de se considerarem linhas de precaução que não deverão ser ultrapassadas. “Temos de ajudar estas pessoas, mas não podemos permitir um clima de insegurança, com desacatos na rua e desordem. Não podemos [deixar], em circunstância alguma, que a nossa terra se torne insegura ou desconfortável… caso contrário, em breve, estará vazia”.

Neste âmbito, o movimento propõe à Câmara Municipal de Beja, “através do Conselho Municipal de Segurança, tomar as ações necessárias”, proporcionando a este órgão “os meios e recursos para que cumpram a sua missão”; a fiscalização das condições de habitabilidade e a tomada de medidas “para que não se verifique a sobrelotação de alguns espaços” habitacionais; a colocação de câmaras de observação “nos locais públicos mais frequentados”; a criação de um centro de acolhimento temporário e integração de migrantes, para o qual os “financiamentos comunitários existem e estão disponíveis”. De acordo com o Beja Consegue, as medidas preconizadas são “de fácil execução” e a sua não implementação resulta da “incapacidade do executivo em fazer acontecer”, manifestando-se o movimento disponível “a agir, em conjunto, em estratégias para alertar entidades nacionais para a urgência deste tópico”.

Também neste contexto foi entregue, no passado dia 1, segunda-feira, na esquadra da Polícia de Segurança Pública de Beja e remetido à câmara municipal, na mesma data, o texto da exposição da petição pública, provinda de vários lojistas e comerciantes do centro da cidade de Beja, com as respetivas assinaturas de quem a subscreveu.

A iniciativa, redigida pela advogada Dora Barriga, pede um maior “policiamento nas ruas da cidade de Beja”, de forma a atenuar o “medo instalado na sociedade” como consequência do clima de insegurança presente. “Praticamente, com regularidade diária, há constantes discussões e cenários de pancadaria na rua de Mértola, com armas brancas e arremesso de pedras, onde os vestígios de sangue no chão falam por si”, lê-se no documento.

“O que esperamos é mais polícia na rua, tanto a pé, como em viaturas, para que nos possamos sentir, todos, mais seguros”, diz Dora Barriga, sublinhando a abrangência de nacionalidades dos 218 subscritores da petição. “Cidadãos portugueses, brasileiros, chineses, senegaleses e marroquinos, resultando claro que todos pretendemos mais segurança”.

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