Diário do Alentejo

Biblioteca Municipal de Beja comemora um século e meio

21 de junho 2024 - 12:00
O equipamento assume-se hoje como um caminho contracorrente “à tentativa de fazer vencer um pensamento único” Foto| Ricardo Zambujo

A Biblioteca Municipal de Beja, que comemora hoje 150 anos, é um espaço comunitário, de “intensa atividade cultural e diversidade de serviços de leitura”, que pretende a partilha de ideias e de várias visões do mundo.

 

Comemora-se hoje, sexta-feira, os 150 anos da fundação da Biblioteca Municipal de Beja, instituição fundada no dia 21 de junho de 1874, por iniciativa do vigário capitular do bispado, padre António José Boavida. Pelos vários espaços temporários que ocupou, ao longo do tempo, a biblioteca de Beja é, de acordo com Paula Santos, bibliotecária municipal, “marcada por um destino andarilho, que revela a sua persistência em perpetuar-se no tempo e reinventar-se as vezes que forem necessárias, adaptando-se aos diversos locais onde funcionou”. No século XIX: no Paço Episcopal de Beja (hoje, quartel da GNR); paços do concelho (largo de Santa Maria e praça da República); no século XX: edifício do Convento da Conceição (hoje, Museu Regional de Beja); edifício das repartições públicas da câmara municipal, na praça da República (hoje, edifício da repartição de Finanças); edifício dos serviços técnicos da câmara municipal, na rua da Moeda; edifício do Arquivo Distrital de Beja, na avenida Vasco da Gama.

A 30 de abril de 1993 é reinaugurada, num edifício construído de raiz, integrada no projeto da Rede Nacional de Bibliotecas Públicas, na rua Luís de Camões, onde atualmente funciona. A biblioteca de Beja é a primeira a quem José Saramago, tendo acabado de receber o Prémio Nobel de Literatura 1998, “deu” o seu nome, em novembro desse ano. Em 2019, em conjunto com a fundação do escritor, por iniciativa do município, é criada a Rede de Bibliotecas José Saramago, que reúne as bibliotecas homónimas do Nobel.

A partir de 2009, o seu destino de andarilha reacende-se e a biblioteca de Beja sai fora de portas e vai até às freguesias rurais com a criação de uma carrinha biblioteca – a Biblioteca Andarilha –; ao Estabelecimento Prisional de Beja, com o projeto “Para além das grades”; aos diversos edifícios dos serviços da Câmara de Beja, com o projeto “Próximas leituras”; ao jardim do Bacalhau, com a “Cabine de leitura”, uma parceria com a Fundação Portugal Telecom; e à praia fluvial de Cinco Reis, com o projeto de verão “Estórias na areia”. Em 2017 é criado o Prémio Literário Joaquim Figueira Mestre, uma parceria do município com a Assesta – Associação de Escritores do Alentejo e a Direção Regional de Cultura do Alentejo. Em 2020 é criado o “O jardim de poesia”, que resulta da qualificação do pátio interior da biblioteca, associado a uma programação específica. Em 2021 é retomada a organização de uma feira, bienal, do livro na cidade – Solstício das Palavras, que alterna com as Palavras Andarilhas – Festa da Palavra Contada.

Na base dos serviços que hoje se prestam na biblioteca de Beja “está sempre a melhoria da qualidade de vida e o bem-estar dos cidadãos do concelho de Beja, pois acreditamos que a biblioteca é considerada por muitos cidadãos como uma segunda casa, assim como um dos espaços de eleição para o debate de ideias, de criação ou apenas de uma conversa em torno de um café ou um chá”, acrescenta Paula Santos.

Sobre o que mais pretende, atualmente, a biblioteca de Beja oferecer aos seus concidadãos, Paula Santos considera: “Hoje em dia a biblioteca de Beja tem a missão de proporcionar às pessoas desta comunidade oportunidades para se juntarem, conversarem, descobrirem ou criarem algo em conjunto, caminhando contra a corrente da tentativa de fazer vencer o pensamento único. E a leitura é muito boa a juntar pessoas e a fazê-las partilhar ideias e visões do mundo. É para isso que existem as bibliotecas! E é também por isso que a nossa missão – ‘Numa cidade acordada, uma biblioteca sem sono’ –, formulada por Joaquim Figueira Mestre [primeiro bibliotecário do edifício contemporâneo], em 2002, é intemporal”. “DA”

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