Diário do Alentejo

“Uma região que seja ‘amiga da idade’ (...) possibilita o desenvolvimento de gerações saudáveis, dinâmicas e longevas”

01 de junho 2024 - 12:00
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Três Perguntas a Maria Cristina Faria, coordenadora do Observatório das Dinâmicas do Envelhecimento do Alentejo do Instituto Politécnico de Beja (IPBeja)

A propósito da recente conferência “Propósitos de vida na longevidade”, inserida na investigação desenvolvida pelo Observatório das Dinâmicas do Envelhecimento no Alentejo (ODEA), o “Diário do Alentejo” conversou com a coordenadora do ODEA, Maria Cristina Faria sobre as principais conclusões/reflexões apresentadas, bem como a sua perspetiva acerca do propósito de vida na longevidade específico do Alentejo e de outras regiões.

Texto | José Serrano

 

No âmbito de uma investigação desenvolvida pelo Observatório das Dinâmicas do Envelhecimento no Alentejo (ODEA), decorreu, recentemente, no IPBeja, a conferência “Propósito de vida na longevidade”. Quais as principais conclusões/reflexões apresentadas, decorrentes desta investigação?O ODEA-IPBeja está a participar, em parceria com a Universidade de Huelva, numa investigação acerca das “expectativas de envelhecimento”, enquadrada no âmbito de uma dissertação de mestrado em Gerontologia Social e Comunitária do IPBeja. Os estudos científicos sobre propósito de vida (PV), em adultos e idosos, consideram que o PV opera como fator protetor, associado a estados psicológicos benéficos e a comportamentos saudáveis e à redução de comportamentos de risco. O PV atua como um fator de proteção significativo contra a mortalidade, doenças cardiovasculares, declínio cognitivo, limitações funcionais, hospitalizações e outras situações negativas de saúde. A falta de propósito pode levar ao “vazio existencial”. Alinhar as intenções com o PV conduz a uma existência mais autêntica, mais significativa, com mais satisfação, florescimento e promotora de saúde física e mental.

 

Há um propósito de vida na longevidade que podemos considerar específico do Alentejo ou existem, neste âmbito, elos comuns com outras regiões, independentemente das condições sociogeográficas dos seus habitantes?Uma região que seja “amiga da idade”, promovendo as capacidades dos seus habitantes e assegurando os serviços e cuidados que vão ao encontro das necessidades das pessoas, possibilita o desenvolvimento de gerações saudáveis, dinâmicas e longevas. O Alentejo, onde o envelhecimento e a longevidade aumentam a cada dia que passa, pode ser essa região amiga, comandada por uma força motriz positiva que aceita o desafio de pensar o PV na longevidade, trazendo esperança de vida aos seus habitantes.

 

Invertamos os termos: ter um propósito, claro, de vida, independentemente da idade, pode significar maior longevidade?O PV está associado a uma menor probabilidade de desenvolver comportamentos não saudáveis ao longo do tempo. É preciso ajudar as pessoas a manter os seus comportamentos de saúde e a prevenir riscos. Por conseguinte, o PV contribui para alcançar uma longevidade com mais saúde e desenvolver o potencial humano. Segundo a Organização Mundial da Saúde podemos definir “envelhecimento saudável” como um processo de desenvolvimento que possibilita que as pessoas mantenham ou adquiram capacidades que lhes permitam fazer o que valorizam. Tal como a manutenção de conexões sociais, a participação ativa na comunidade e o tomar de decisões informadas, que beneficiem a sua saúde e bem-estar.

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