Diário do Alentejo

Direção dos Bombeiros de Beja apresenta plano de ação para 2024/26

14 de abril 2024 - 12:00
Pessoal, instalações, parque de viaturas, conselho consultivo e monumento aos bombeiros são alguns dos compromissos assumidosFoto| Ricardo Zambujo

Os novos corpos sociais da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Beja tomaram posse, no passado dia 4, depois de um período com a direção demissionária e de um processo eleitoral atribulado. Com a normalidade reposta, os novos dirigentes apresentaram um plano de ação para o período de 2024/2026, em que “a melhoria das condições” de trabalho dos voluntários e contratados é um dos principais objetivos a atingir.

 

Texto Aníbal Fernandes

 

Após três atos eleitorais, dois deles para complementar o mandato de 2021/23 após demissão em bloco de todos os órgãos sociais, e de um em que a lista concorrente não cumpriu os requisitos exigidos e foi anulado, os novos corpos sociais da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Beja (Ahbvb) foram eleitos no passado dia 28 de março e tomaram posse na última semana. A nova direção é encabeçada por António Rodeia Machado, que estava à frente da direção demissionária.

Esta direção sucede a um período de “indecisão e incerteza” que levou a direção cessante – apesar de ter manifestado a intenção contrária –, “impelida a apresentar candidatura no sentido de proteger a instituição, a sua credibilidade e a sua reputação”, e “após uma reflexão sobre esta matéria”, a repensar a sua posição e a recandidatar-se a um novo mandato.

Segundo informações prestadas ao “Diário do Alentejo” por António Rodeia Machado, no plano de ação apresentado aos associados reconhece-se que a atividade dos bombeiros continua a assentar no voluntariado, no entanto, “a sociedade atual é hoje mais exigente e a abordagem tem que ser outra, assente na melhoria das condições do pessoal, seja ele de caráter voluntário, seja o voluntário com contrato permanente com a associação”.

Por isso, e porque “os bombeiros voluntários têm cada vez mais formação técnica e prática que os torna mais profissionais nas suas funções”, a direção pretende assegurar “uma gestão cuidada, séria e exigente e a manutenção de um corpo de bombeiros disciplinado e eficaz na defesa de pessoas e bens”.

Este propósito assenta em cinco vectores: formação de operacionais na Escola Nacional de Bombeiros (ENB); formação de tripulantes de ambulância de socorro, quer pelo INEM ou ENB, quer com recurso a empresas de formação; reclamar junto do Governo e Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (Anepc), fardamento adequado para o desempenho das funções; criar uma terceira equipa de intervenção permanente; e garantir pessoal permanente para o transporte de doentes não urgentes, de que resulta “parte do financiamento da associação”.

 

Instalações e viaturas Apesar de várias obras de manutenção efetuadas ao “longo dos anos”, a direção da Ahbvb considera que as condições existentes “são manifestamente insuficientes”, nomeadamente, para acolher o cada vez maior número de mulheres que trabalham na associação. Reclamam, por isso, que o Governo crie “as condições necessárias para o financiamento de obras nos quartéis, conforme vários diplomas o preveem, mas cuja concretização está hoje dependente de financiamentos comunitários”.

Só isso irá permitir avançar com projetos que promovam a “eficiência energética; condições de higiene e salubridade; camaratas femininas e masculinas; lavandaria; áreas de lazer; central telefónica; posto médico; oficina de manutenção de viaturas; eliminação do fibrocimento; manutenção de apartamentos e loja; obras do salão; reparação da cobertura e retirada da antena”.

Quanto ao parque de viaturas, o objetivo para o triénio passa por adquirir um veículo ligeiro de combate a incêndios; um auto-tanque pesado; vários veículos para o transporte de doentes e ambulâncias.

A outro nível pretendem criar condições para a manutenção do parque de viaturas antigas que “simbolizam o esforço do passado, a memória do trabalho e da exigência que era pedida aos bombeiros para sobreviverem em catástrofes, calamidades e incêndios de grande porte que assolaram a cidade de Beja, várias décadas atrás”.

 

Cultura e desporto A recuperação da secção de judo é, também, um dos objetivos desta direção, sendo que para isso é necessário que as obras do salão nobre aconteçam “o mais rápido possível” para que a modalidade regresse “à casa que deu e dá acolhimento ao judo em Beja”.A recuperação de “todo o património histórico da associação” – tarefa iniciada por António Barahona e uma equipa de voluntários da EDIA – é outra das tarefas a concluir, de forma à elaboração de uma exposição “por ocasião do 135.° aniversário a comemorar em maio de 2024”.

 

Recrutar é preciso A renovação e recrutamento de operacionais e sócios, fruto da falta de reconhecimento – “que em tempos houve através do Estatuto Social do Bombeiro” – veio criar dificuldades acrescidas para atingir este objetivo.

Para contrariar esta tendência é preciso que “que o Governo legisle de acordo com a necessidade dos bombeiros, garantindo financiamento adequado às associações e pugnando por um verdadeiro Estatuto Social do Bombeiro no sentido de conceder benefícios ao voluntariado, verdadeiros incentivos para a sua motivação”.

 

Conselho consultivo Neste triénio será constituído um conselho consultivo, “composto por personalidades que estejam disponíveis para proceder a uma análise constante das necessidades da associação e do seu corpo de bombeiros e procurar encontrar soluções duradouras” que as minimizem.

A direcção olha para a sua constituição como “uma mais-valia no apoio aos órgãos sociais” e uma forma de “manter viva, perante a sociedade, esta casa que é de todos e para todos”.

 

Monumento ao bombeiroHá muito desejada, a construção de um monumento de homenagem ao bombeiro voluntário tem agora o apoio da Câmara Municipal de Beja e do seu presidente.

“É um compromisso que assumimos com imenso prazer, o de erigir em Beja um monumento que represente com dignidade o trabalho, o esforço, o empenho e a dignidade do bombeiro voluntário”, lê-se no plano de ação da nova direção da Ahbvb. Já existe um pré-projeto elaborado pelo escultor Carlos Oliveira e já foi manifestada a vontade, à Infraestruturas de Portugal, de o construir na rotunda do IP2 junto ao quartel do Regimento de Infantaria”.

Falta encontrar o financiamento para além do que existe “numa conta que em tempos foi criada para o efeito e garantir com a Câmara Municipal de Beja a sustentabilidade da execução do monumento”.

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