A propósito do término do mandado da atual direção do Conservatório Regional do Baixo Alentejo (CRBA), no próximo dia 31, o “Diário do Alentejo” conversou com o ainda diretor executivo do CRBA, Mauro Dilema, sobre o balanço dos últimos nove anos da instituição, os atuais desafios que se colocam, bem como a importância de um conservatório vigoroso e “saudável” na região.
Texto | José Serrano
Termina o seu mandato no próximo dia 31. Que instituição encontrou em 2014, ano em que tomou posse, e qual a evolução que verifica quase 10 anos depois?
À época da minha posse, o conservatório enfrentava uma conjuntura económica precária, refletida na irregularidade dos salários e nos empréstimos pendentes. O edifício clamava por consideráveis medidas de manutenção. No âmbito artístico, havia uma estagnação temporal e disparidades nos horários dos professores. Ao longo destes anos, eu e o meu adjunto, professor Jorge Barradas, enfrentámos desafios e construímos uma instituição sólida. O CRBA é, agora, um modelo, evidenciado pela última candidatura de patrocínio, na qual obtivemos a pontuação máxima. No campo artístico, vivenciámos uma evolução extraordinária, que culminou na criação de uma orquestra sinfónica. O ensino artístico foi democratizado, estendendo-se a toda a cidade, em colaboração com os agrupamentos educacionais. O CRBA encontra-se munido das condições necessárias para prosperar.
Quais os principais desafios que se colocam, atualmente, ao CRBA?
É inevitável considerar o intrincado contrato de patrocínio, peça-chave na sustentabilidade financeira da instituição. A cada dois anos, as regras desse contrato sofrem mudanças, com uma constante tendência de redução do financiamento. Um exemplo claro é a estagnação do montante de financiamento por aluno, inalterado há uma década. O novo diretor enfrentará o desafio de garantir recursos financeiros adequados para a continuidade das atividades do CRBA e deverá procurar desafios ambiciosos, incentivando as suas inovação e expansão das fronteiras artísticas. Estes desafios serão determinantes para consolidar a posição do CRBA como bastião cultural e educacional em constante ascensão.
Qual a importância da existência de um CRBA vigoroso, “saudável”?
A presença do conservatório de música e dança é vital para a cidade e região. O CRBA desempenha um papel fundamental no desenvolvimento sociocultural e económico local. É uma fonte inesgotável de enriquecimento cultural, formando artistas talentosos e cidadãos culturalmente conscientes. Os eventos promovidos pela instituição catalisam a cena cultural local, conferindo prestígio à cidade e à região. A reputação atrai talentos de diversas localidades, contribuindo para a diversidade da comunidade artística e fortalecendo o papel da região como centro cultural dinâmico. Economicamente, a instituição gera empregos, impulsionando a economia local. Para que essa importância se mantenha é essencial que o CRBA permaneça saudável em diversos aspetos, incluindo estabilidade financeira, excelência pedagógica, inovação artística e gestão eficiente. O apoio contínuo da comunidade, autoridades locais e potenciais patrocinadores é crucial para garantir que o CRBA prospere como centro de referência cultural e educacional que contribui, significativamente, para o enriquecimento da cidade de Beja e do Baixo Alentejo.