Três Perguntas a Eliana Jerónimo, investigadora principal no Centro de Biotecnologia Agrícola e Agroalimentar do Alentejo (Cebal)
Promovida pelo Cebal, “SubProMais: Utilização de subprodutos da agroindústria na alimentação animal” é o título da sessão que juntou, recentemente, vários investigadores através de videoconferência. Quais os principais resultados obtidos, no âmbito do grupo operacional “SubProMais”, que foram apresentados?
O grupo operacional “SubProMais”, desenvolvido pelo polo de Santarém do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, pelo Cebal, pela TagusValley – Associação para a Promoção e Desenvolvimento do Tecnopólo do Vale do Tejo e pelas empresas RuralBit e Carlos & Helder Alves Sociedade Agropecuária, teve por objetivo desenvolver conhecimento sobre a utilização de subprodutos agroindustriais na alimentação animal. Genericamente, estes subprodutos apresentam problemas de conservação, pelo seu elevado teor em humidade. No sentido de contornar esta limitação foram estudadas a ensilagem e a desidratação, como formas de preservar os subprodutos. Sendo o objetivo final a sua aplicação na alimentação animal, foram realizados vários ensaios com ovinos, para avaliação na produtividade, qualidade dos produtos e custos com a alimentação. Os resultados obtidos foram extremamente positivos, demonstrado a exequibilidade da aplicação destas estratégias alimentares.
Que subprodutos da agroindústria são já integrados nas dietas dos animais?
Vários subprodutos da agroindústria são já atualizados na alimentação animal, mas, muitas vezes, essa utilização é feita de forma pouco informada e sem benefícios produtivos e económicos. O trabalho realizado no âmbito do grupo operacional “SubProMais” gerou um conjunto de informação que contribui para uma utilização racional dos subprodutos na alimentação animal, auxiliando os produtores na escolha de opções alimentares mais adequadas e a mais baixo custo. De entre os vários subprodutos estudados, destaque para a capota de amêndoa, a batata-doce, a batata, a cenoura, o repiso de tomate ou o dreche [resíduos de cereais] de cerveja.
Refletirá a reutilização destes subprodutos numa opção alimentar mais adequada para os animais e a mais baixo custo para os produtores?
A elevada dependência externa, de Portugal, de matérias-primas para alimentação animal, a sua baixa disponibilidade e o aumento dos preços tem levado à procura de alternativas às normalmente utilizadas. A substituição de matérias-primas convencionais, e importadas, por recursos alimentares alternativos de produção local, como são os subprodutos da agroindústria, pode ser uma estratégia eficaz para reduzir a dependência externa e os custos com a alimentação e aumentar a sustentabilidade dos sistemas de produção animal. Resultados dos trabalhos desenvolvidos no grupo operacional “SubProMais” mostraram que a incorporação de subprodutos agroindustriais nas dietas dos animais permite reduzir os custos com a alimentação, sem prejudicar a produtividade e a qualidade dos produtos.