Diário do Alentejo

"Sem dúvida que essa serenidade, que na verdade já fazia parte de mim, foi potenciada pela minha vivência no Alentejo"

10 de junho 2023 - 12:00
Foto | Dani MonteiroFoto | Dani Monteiro

Maria Bentes tem 24 anos e é natural de São Miguel, Açores. Maria Bentes é Silly. Em Serpa, cidade para onde foi viver aos cinco anos, começou a aprender guitarra com o compositor Armando Torrão, inspirada pelo pai que já tocava em casa. No Centro Musibéria prosseguiu os estudos de guitarra clássica até se sentar ao piano, em que se preparou para ingressar, dois anos mais tarde, no Conservatório Regional do Baixo Alentejo, em Beja, onde concluiu o ciclo básico de piano. Em Lisboa, estudou criação e produção de hip-hop na ETIC – Escola de Tecnologias Inovação e Criação.

 

Recentemente lançou “Coisas Fracas”, tema que levanta o véu daquele que será “Miguela”, o disco de estreia da artista, marcada para 2024.

 

Texto José Serrano

 

De que nos fala este seu novo tema – “Coisas fracas”?

“Coisas fracas” é uma metáfora sobre o que se queira, mas quando o escrevi estava muito presa à ideia desta ilusão de proximidade com que às vezes a tecnologia nos mente. Vai um bocadinho nesse sentido, o de mergulhar nessas coisas fracas em que por vezes nos deixamos cair.

 

Onde se pode escutar a canção?

“Coisas fracas” pode ser ouvido em todas as plataformas de música digitais. Também já está a tocar na rádio – talvez se possam cruzar com esta canção em viagem.

 

Referiu à “Rádio Voz da Planície” que esta canção nasceu num tempo de retiro num monte alentejano. Esse distanciamento do quotidiano, a que se propôs, tem sido importante para o seu exercício criativo?

Sim, muito. Torna-se sempre mais fácil ou fluido, para mim, criar em espaços que me são pouco familiares ou onde se criem novas rotinas. Ter-me proposto a ir uma semana para esse monte, no Alandroal, foi uma forma de me balizar na criação – nesse tempo concebi uma nova rotina, na qual passava o dia inteiro a fazer música e a escrever. Nessa semana, gerei algumas ideias que, depois, comecei a construir em estúdio com o Fred, que está a produzir o disco.

 

O que podemos sentir do Alentejo nas suas composições?

A calmaria. Sem dúvida que essa serenidade, que na verdade já fazia parte de mim, foi potenciada pela minha vivência no Alentejo. A paz e a plenitude que podemos encontrar no dourado de uma planície alentejana são, também, trazidas para a minha música.

 

De onde e de que forma lhe chega o princípio de algo, que depois de esculpido transforma em canções?

Essa é uma pergunta difícil de responder. Não há grande regra no processo de criação, pelo menos aos meus olhos. A inspiração vem de sítios distintos, alguns possíveis de apontar, outros não. Pode ser fruto de uma viagem, como me aconteceu com a música “Água doce”, ou de uma conversa informal que ouves no café onde vais todos os dias – isso acontece de forma mais ou menos consciente. O meu processo começa sempre numa ideia instrumental e daí se parte para a escrita.

 

Ao ouvir “Coisas fracas” estamos a abrir o postigo de “Miguela”, aquele que será o seu primeiro long play. Em que ponto se encontra este trabalho e o que podemos dele esperar?

O disco está a ser tratado com carinho e, por isso, sem pressas. Diria que neste momento estamos com 45 por cento do disco feito – ainda existe muito caminho pela frente. Será o meu primeiro álbum e estou a trabalhar para que o mesmo traduza, da melhor forma, o que pretendo, o lugar onde me encontro. E para que a sua estética sonora consiga abranger os vários universos por onde gosto de me passear.

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