Diário do Alentejo

Festejar o legado de Giacometti em Ferreira do Alentejo

02 de junho 2023 - 12:30
Foto | Festival GiacomettiFoto | Festival Giacometti

Ferreira do Alentejo e Peroguarda recebem, desde ontem e até domingo, mais uma edição do Festival Giacometti.

 

O evento, com o nome do etnólogo natural da ilha de Córsega, França, Michel Giacometti, que teve um papel fundamental na recolha e documentação da música tradicional portuguesa a partir da Década de 60 do século passado, assume-se como um “autêntico rebuliço criativo no Alentejo”, apresentando uma “programação diversa nas áreas da música, arte, antropologia, cinema, dança e gastronomia”.

 

A ligação de Giacometti ao concelho de Ferreira do Alentejo, e em particular a Peroguarda, remonta a 1968, quando fez várias recolhas relacionadas com o cante, tendo escolhido essa aldeia como a sua última residência.

 

O primeiro dia do festival, ontem, começou com a inauguração da exposição “O Outro Alentejo”, dedicada à viola campaniça, no núcleo de arte sacra de Ferreira do Alentejo; a abertura da instalação de som “De dentro do cante”, com áudios da poetisa Virgínia Dias, na casa do vinho e do cante, também na sede de concelho; e um jantarinho com cante alentejano e adufes, que juntou grupos corais em Peroguarda.

 

Para hoje, das 18:00 às 20:00 horas, no espaço do casão, em Ferreira, abrirá a instalação de som e vídeo “Vozes que cantam mãos”, com uma performance de Vicente Booth e Alice Turnbull, com Roxana Ionesco e João Valinho, em que o cante alentejano surge como “a sublimação do suor das mãos camponesas” a partir das gravações de Michel Giacometti.

 

Às 19:00 horas, decorrerá uma oficina de música, com adufes e canto, pelas banda Crua, no museu municipal. Pelas 21:30, o jardim municipal receberá o concerto de Marco Santos e Martín Sued, naquele que será um “encontro atlântico luso-argentino”. Uma hora depois, no mesmo espaço, será a vez do Conjunto!Evite subir a palco para explorar “a dicotomia entre o ancestral e a modernização nos campos do Alentejo como um dos pontos principais do processo de composição da Suíte Giacometti, apresentando uma peça musical “criada expressamente” para o festival.

 

A noite terminará com um set do Dj Lucky.

 

Amanhã, o dia começará com uma conversa, na praça Comendador Infante Passanha, em Ferreira, com Leonor Lains, “mediadora cultural, fotógrafa, arquivista e parceira de Michel Giacometti durante os anos da pesquisa etnográfica e musical decorrida por Portugal inteiro”.

 

Às 15:00 horas, no Centro Cultural Manuel da Fonseca, será exibido o documentário “O Céu Gira”, de Mercedes Álvarez, em que é retratada uma aldeia de Soria, em Espanha, com 14 habitantes. “São a última geração, depois de uma história ininterrupta de mais de oito séculos. A mais velha é uma anciã que nasceu em 1900. À aldeia chega o pintor Pello Azteca, todos partilham algo em comum: as coisas começaram a desaparecer diante dos seus olhos”.

 

A sessão contará com a presença da realizadora. Às 18:00 horas, a banda Crua subirá ao palco no jardim municipal, com o adufe a assumir um papel central, para, pelas 20:00 horas, decorrer a performance “Multi Cool Coral”, de Margarida Mestre, naquela que será uma convergência de “corpos e vozes conjuntas, com canções de várias culturas, geografias e sonoridades” e em que a Banda Filarmónica de Ferreira do Alentejo interpretará composições originais.

 

Depois, às 22:00 horas, será a vez da cabo-verdiana Lura atuar no jardim municipal, terminando a noite com um set de Dj Guillotina (00:00 horas). No domingo, último dia do festival, às 16:00 horas, e para encerrar o evento, será tempo de discutir e refletir o futuro do cante alentejano, com as partocipações de Colaço Guerreiro, José Moças e Maria José Barriga, na Universidade Popular (Centro Cultural Manuel da Fonseca).

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