Três Perguntas a Fátima Baptista, professora da Universidade de Évora e diretora do Instituto Mediterrâneo para a Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento (MED)
Texto José Serrano
Foi recentemente eleita diretora do MED. Quais as linhas de ação que nortearão o seu trabalho à frente desta unidade de investigação?
A nossa capacidade de resposta aos desafios atuais da agricultura, tendo em consideração as alterações climáticas, a previsível escassez de água, a biodiversidade, entre muitos outros fatores, definirá o nosso sucesso. Devemos potenciar a integração da investigação fundamental e da investigação aplicada, tirando partido das condições onde nos inserimos e, principalmente, das competências multi e interdisciplinares que nos permitem encontrar soluções que promovam a sustentabilidade da produção e respondam aos problemas do setor e da sociedade. A investigação que realizamos no MED contribui para melhorar a resiliência, a produtividade e a rentabilidade dos sistemas de produção e cadeias de valor do Mediterrâneo, proporcionando, ao mesmo tempo, benefícios ambientais e sociais, preservando a natureza e a biodiversidade, a paisagem e a vitalidade rural.
Quais os grandes desafios que se colocam à região no âmbito das competências do MED?
Encontramo-nos num cenário em que as alterações climáticas se acentuam cada vez mais com efeitos na produção, na biodiversidade e na sociedade, em que a produção de alimentos e a escassez de água estão no centro das preocupações. Este cenário é particularmente grave nas regiões do Sul do País onde o MED atua e onde os setores agropecuário, agroalimentar e agroflorestal necessitam cada vez mais de uma resposta da academia para ajudar a resolver estes problemas. Este será um dos grandes desafios na nova direção, aplicar o conhecimento gerado pelo MED junto da sociedade. Estamos convictos de que se continuarmos a desenvolver soluções para a sustentabilidade dos sistemas produtivos, ambiente e território, o MED contribuirá de forma significativa para ultrapassar os desafios que nos são colocados.
O MED está sediado na Universidade de Évora e tem mais dois polos, em Beja e Faro, sendo que o de Beja se localiza nas instalações do Cebal – Centro de Biotecnologia Agrícola e Agroalimentar do Alentejo. Quais os projetos que gostaria de ver efetivados e quais as necessidades que gostaria de ver colmatadas, durante a sua presidência, relativamente a este centro de investigação?
A junção de investigadores, com diversas valências e com uma ampla abrangência geográfica, constitui um dos pontos fortes do MED. É desejo da nova direção do MED continuar a fomentar esta colaboração. Existem dificuldades transversais a todos os centros de investigação, como o desafio de um quadro de financiamento da investigação limitado temporalmente, que não facilita projetos de investigação de maior duração, necessários para ajustar e aumentar a eficiência das soluções aplicadas no terreno, e não promove a contratualização permanente de recursos humanos qualificados que permita uma maior estabilidade na investigação. Sendo uma unidade de investigação localizada no interior, estes aspetos tornam-se mais desafiantes.