Diário do Alentejo

Combate a incêndios no Baixo Alentejo com menos meios do que o planeado

21 de maio 2023 - 09:00
Bombeiros queixam-se de falta de recursos humanos e dificuldade no recrutamento
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Desde segunda-feira, 15 de maio, que o Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais está em ação. No entanto, o Baixo Alentejo depara-se com dificuldades ao nível dos meios disponíveis. E a nível nacional, a falta de meios aéreos é um problema para executar o que estava planeado.

 

Texto Aníbal Fernandes

 

O Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (Decir) foi, nesta primeira fase, reforçado na segunda-feira, mas com menos meios aéreos do que estava previsto. A este problema junta-se, na Sub-Região de Emergência e Proteção Civil do Baixo Alentejo, a carência de efetivos provenientes das corporações de bombeiros da região.

 

Domingos Fabela, presidente da Federação dos Bombeiros do Distrito de Beja, confirmou ao “Diário do Alentejo” que “perante a exigência de disponibilidade para equipas 24 sobre 24 horas, existem grandes constrangimentos”, uma vez que “os recursos humanos disponíveis não são, assim, tão abundantes”.

 

Carlos Pica, comandante da sub-região da proteção civil, reconhece que “apesar dos bombeiros terem feito todos os esforços para cumprir as exigências, há falta de recursos humanos” o que leva a que “não seja possível colocar no terreno o dispositivo que estava planeado”.

 

O comandante operacional, referindo-se, em particular, à falta dos meios aéreos no número previsto, lamenta ter sido “confrontado com estas alterações” e responsabiliza a Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC) por este contratempo.

 

Entretanto, os números exatos dos meios prontos a utilizar não coincidem: a Força Aérea diz que faltam 11; o Ministério da Administração Interna garante que são apenas dois. O Decir, apresentado em abril, contabilizava 34 meios aéreos para o período de 15 a 31 de maio, mas nos próximos 15 dias vão estar operacionais 32 aeronaves, garantiu à “Lusa” fonte do Ministério da Administração Interna, explicando que a falta de meios aéreos está relacionada com os concursos públicos internacionais, já que alguns lotes não se concretizaram por terem ultrapassado o preço base ou não serem considerados válidos.

 

DIFICULDADE EM RECRUTAR

Domingos Fabela lamenta que as corporações de bombeiros do distrito de Beja se debatam hoje “com grandes dificuldades em recrutar novos bombeiros” e encontra explicação para isso em vários fatores, nomeadamente “nas condições salariais que não são aliciantes” e na saída de jovens da região, que “é cada vez maior”.

 

“O tempo necessário para a formação de um bombeiro é de mais de um ano e há poucos jovens interessados”, refere.

 

Quanto aos efetivos disponibilizados pelos bombeiros para o Decir, o presidente da Federação dos Bombeiros do Distrito de Beja refere que no total serão cerca de 170: 15 equipas de cinco elementos de intervenção permanente; 13 equipas de cinco elementos de combate a incêndios florestais (uma dezena desde já e mais três a partir de 1 de junho); e 13 equipas de apoio logístico.

 

É nestas últimas que se tem revelado mais difícil responder ao planeado e Domingos Fabela, admite que das 13 previstas, apenas “quatro ou cinco façam esse serviço”.

 

DECIR

Os operacionais envolvidos no Decir incluem elementos dos bombeiros voluntários, força especial de Proteção Civil, militares da Guarda Nacional Republicana e elementos do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, nomeadamente sapadores florestais e sapadores bombeiros florestais. Em relação ao mesmo período do ano passado, estão envolvidos mais 770 operacionais, mas menos cinco meios aéreos.

 

Os meios de combate a incêndios voltam a ser reforçados a 1 de junho, mas é entre julho e setembro, conhecida pela fase mais crítica, o período que mobiliza o maior dispositivo, estando este ano ao dispor 13 891 operacionais de 3084 equipas e 2990 viaturas, um aumento de 7,5 por cento em relação a 2022.

 

O Decir 2023 prevê ainda, para o período de 1 de junho a 30 de setembro, 72 meios aéreos, mais 12 do que em anos anteriores, mas este número não deverá concretizar-se porque estava dependente dos concursos públicos. Em causa estão um concurso público para o aluguer de 33 helicópteros ligeiros para o período de 2023 a 2024 e um outro para a contratação de dois aviões anfíbios pesados para este ano e quatro para 2024.

 

Numa resposta enviada no início de maio à “Lusa”, a Força Aérea dava conta que os meios aéreos de combate a incêndios rurais para este ano ainda não estavam todos alugados, faltando três helicópteros ligeiros e dois anfíbios pesados, além de estar a ser analisada a contratação de outros 11 helicópteros.

 

*com Lusa

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