Diário do Alentejo

"Há uma gritante falta de psicólogos, na área da saúde, no Serviço Nacional de Saúde"

20 de maio 2023 - 11:00
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Três Perguntas a Raquel Raimundo, presidente da Delegação Regional Sul da Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP)

 

Texto José Serrano

 

No âmbito do projeto “Trilhos da Psicologia”, a direção nacional e a direção da Delegação Regional Sul da Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) visitaram, recentemente, o Agrupamento de Escolas António Francisco Colaço e a ART – Associação de Respostas Terapêuticas, em Castro Verde, tendo-se depois reunido com 21 psicólogos na Biblioteca Municipal de Beja. Quais as principais ilações retiradas, após estes encontros, pela OPP?

As boas práticas de intervenção psicológica adotadas por parte das psicólogas que integram as duas instituições visitadas (o Agrupamento de Escolas António Francisco Colaço e a ART – Associação de Respostas Terapêuticas, em Castro Verde), mesmo em situações e contextos de trabalho muitíssimo desafiantes, e o apoio que, mesmo nestas circunstâncias de elevada exigência, conseguem prestar à população. A importância de bem acolher e ajudar a reintegrar na sociedade os mais excluídos e vulneráveis da população, como forma de ajudar a reconstruir projetos de vida, contribuindo para o respeito pela dignidade humana e promovendo a coesão social. Com estes encontros pretendeu-se, ainda, conhecer e divulgar a realidade da intervenção psicológica no distrito de Beja, no sentido de promover e divulgar boas práticas e auxiliar na construção de redes de contacto locais entre psicólogos, de forma a potenciar os benefícios da nossa intervenção nos cidadãos do distrito.

 

Como definiria as principais necessidades de intervenção psicológica da região visitada?

Há uma gritante falta de psicólogos, na área da saúde, no Serviço Nacional de Saúde (SNS), em particular, nos centros de saúde. Castro Verde conta com apenas uma psicóloga no centro de saúde que presta apoios a três centros de saúde. Isto obriga os colegas que trabalham nas escolas e no setor social a terem de intervir em situações que compete à saúde, descuidando um importante trabalho de prevenção e promoção de competências, que poderia evitar o surgimento ou agravamento de problemas de saúde psicológica, mas que é mais difícil de realizar dada a situação de crise/emergência com que surgem nas escolas e na área social.

 

De que forma poderão essas necessidades vir a ser debeladas, no curto/médio prazo?

A criação de unidades locais de saúde (ULS), já anunciadas pela direção executiva do SNS, poderá vir a mudar a situação atual. As ULS vêm simplificar a contratação de psicólogos e outros profissionais de saúde. É, ainda assim, necessário que exista vontade política e que os concursos sejam efetivados, para que as psicólogas que trabalham nas escolas tenham para onde encaminhar as crianças e jovens que precisam de apoio clínico e possam, assim, dedicar-se ao trabalho de prevenção e promoção de competências.

 

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