O Fórum Municipal de Castro Verde foi o espaço escolhido para a apresentação da edição deste ano do festival Futurama, que vai decorrer em três fins de semana de junho, em Mértola (3 e 4), Castro Verde (9 e 10) e Beja (16 e 17). Segundo o diretor artístico do festival, John Romão, o objetivo é “colocar em diálogo educação e artes, criação contemporânea e tradição”. A sessão contou com a presença do ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva.
Texto Marco Monteiro Cândido
À semelhança do que aconteceu na primeira edição do festival Futurama, em 2022, “a expectativa é, sobretudo, continuar esta ligação e estas sinergias entre diferentes municípios do Baixo Alentejo e continuar a desenvolver relações artísticas com diferentes comunidades em cada um dos concelhos”.
Para John Romão, encenador, programador e também curador com ligações familiares ao Baixo Alentejo e cujas férias de infância eram passadas na região, o que interessa ao projeto é “essa representatividade e essa diversidade de comunidades diferentes dentro da programação, colocando sempre artistas em diálogo com essas comunidades e entre si, entre práticas mais contemporâneas e mais tradicionais”.
A programação do Futurama inclui música, artes visuais, performances e oficinas, com destaque para os concertos criados no âmbito da iniciativa “Cantexto”, em que escritores contemporâneos escrevem novos temas para grupos de cante alentejano, projeto bem-sucedido da edição anterior e que transitou para este ano. Assim, em 2023, as novas modas que irão integrar o cancioneiro tradicional alentejano estarão a cargo dos escritores Joana Bértholo, Richard Zimler, Regina Guimarães, Ondjaki, Isabela Figueiredo, Afonso Cruz e Marta Pais de Oliveira, que escreverão para os grupos Rosinhas do Louredo, Cantadores de Beringel, Ceifeiras de Pias, Grupo Coral e Etnográfico de Aldeia Nova de São Bento, Cardadores da Sete, Grupo Coral da Mina de São Domingos e Grupo Coral da Vidigueira, respetivamente. A composição musical está a ser desenvolvida pelos músicos Celina da Piedade, Ana Santos e Paulo Ribeiro.
A sessão de apresentação do festival, que integra o projeto “Futurama – Ecossistema Cultural e Artístico do Baixo Alentejo”, que também atua nos concelhos de Serpa e Vidigueira, contou com a presença do ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, no âmbito do percurso que fez, no final da semana passada, dedicado à “Cultura que somos”, para “conhecer e dar voz às ações, aspirações e dinâmicas que constituem a realidade cultural portuguesa”.
O périplo ministerial percorreu algumas entidades apoiadas no âmbito do Programa de Apoios Sustentados pela Direção-Geral das Artes (Dgartes) no sul do País, nomeadamente, no distrito de Beja, o Futurama e o Cultivamos Cultura (espaço de experimentação e desenvolvimento de conhecimento teórico e prático das ciências, da tecnologia e da arte contemporânea, fornecendo as condições necessárias para fomentar a criatividade), em São Luís, no concelho de Odemira.
OS APOIOS DA DGARTES
A propósito da visita do ministro da Cultura, o “Diário do Alentejo” (“DA”) questionou Pedro Adão e Silva se haveria alguma novidade sobre a providência cautelar apresentada por 18 estruturas nacionais para impugnar os resultados do concurso do Programa de Apoios Sustentados pela Direção-Geral das Artes.
“Aqui no Alentejo os apoios sustentados eram de cinco milhões no ciclo anterior, agora são de 13 milhões. Temos mais entidades apoiadas e cada uma recebe muito mais dinheiro do que no passado. Nos procedimentos concursais há entidades que são propostas para apoio e outras que não são. Foi isso que aconteceu e não tenho mais nenhuma consideração a fazer sobre essa matéria”.
Recorde-se que uma dessas estruturas é a associação sem fins lucrativos Cultbéria, que gere o Centro Musibéria, em Serpa, e que, apesar de obter avaliação positiva, não foi contemplada com qualquer verba, como o “DA” noticiou no passado mês de março, colocando em risco novas criações e os postos de trabalho já existentes.