Diário do Alentejo

Beja incluída nas opções para a escolha do novo aeroporto de Lisboa

21 de janeiro 2023 - 09:00
Comissão técnica independente fará primeira avaliação das várias hipóteses em cima da mesa até ao fim de março
Foto | José Ferrolho/ArquivoFoto | José Ferrolho/Arquivo

A comissão técnica independente para o estudo da localização do novo aeroporto de Lisboa já está e funcionar e, segundo Rosário Partidário, coordenadora do projeto, a solução Beja, para já, está em jogo.

 

Texto Aníbal Fernandes

 

A comissão técnica independente para o estudo do novo aeroporto de Lisboa está completa e definiu o cronograma e o programa de trabalho que já se iniciou com reuniões semanais. Rosa Partidário, coordenadora do estudo, revelou, numa entrevista ao “Público”, que a recolha de informações começou com uma reunião com a ANA – Aeroportos de Portugal e seguir-se-á com outros parceiros relevantes como a TAP, a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), a Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC), a Navegação Aérea de Portugal (NAV) e a associação de pilotos, conversas que deverão estar concluídas até meados de fevereiro.

 

 

Para além das cinco hipóteses sugeridas pelo Governo – Portela + Montijo; Portela + Alcochete; Montijo, Alcochete e Santarém – a comissão tem carta-branca para avaliar outras localizações ou eliminar algumas das que estão em cima da mesa, caso não se afigurem, à partida, “com viabilidade técnico-científica”.

 

Esta fase deve decorrer durante o mês de março e serão avaliadas “todas as hipóteses”, incluindo Beja, Ota e Alverca, pelo menos. Na entrevista já citada, Rosa Partidário não exclui o estudo de outras localizações que terão de passar pelo filtro de uma vintena de critérios, sendo que um dos mais “relevantes” são as acessibilidades, existentes ou não, mas com “viabilidade de ter ou vir a ter”.

 

A responsável pela missão diz que as primeiras reuniões têm corrido bem e que recebeu indicações muito concretas: “Seja onde for, que se faça” o aeroporto. O cronograma prevê a participação e o envolvimento de todos os interessados, incluindo as entidades locais, e a página na Internet irá “ser aberta a todos e vai ter uma plataforma que estamos a preparar, através da qual se pretende fazer vários momentos de interação, com perguntas específicas. Uma das sessões que vamos ter é com as plataformas cívicas, as associações de moradores”.

 

A coordenadora da comissão independente lamenta que não haja uma estratégia aeroportuária para Portugal – à imagem do que acontece com a ferrovia – o que, nas suas palavras, tudo estaria “mais facilitado”. Após a primeira filtragem com base nos critérios de viabilidade técnica – que espera estar concluída durante o mês de março – Rosário Partidário acredita que resistirão menos de cinco hipóteses para a escolha final.

 

Os critérios vão ser definidos pela comissão técnica, “com base em inputs diversos, nomeadamente, das mesas temáticas e dos estudos existentes, estudos de procura sem constrangimentos de capacidade, constrangimentos ambientais relevantes, análises preliminares de regimes de riscos e impedimentos”.

 

Caso a solução encontrada não inclua a Portela, vai ser necessário “um processo de transição” e encontrar alternativas “a curto, médio e longo prazo”. “Não se pode de repente tirar um aeroporto da cartola e dizer está aqui, ponham-no aí e funciona. Mas se calhar têm de se explorar opções que possam ser transitórias”, explica.

 

Concluindo: até abril serão escolhidas as opções a estudar e até junho ficarão definidos os fatores críticos de decisão e será produzido um relatório que será posto em consulta pública, estando previsto para o final de outubro a entrega de um relatório preliminar.

 

“UMA BOA NOTÍCIA”

Florival Baiôa, porta-voz do movimento Beja Merece +, considera que a inclusão de Beja na lista dos locais possíveis para a localização do novo aeroporto de Lisboa é uma “boa notícia”, mas não acredita que possa ser a solução escolhida.

 

No entanto, considera que a infraestrutura alentejana pode ter “alguma relevância” no futuro, nomeadamente, como alternativa às soluções existentes como base de segurança. “O aeroporto está feito, basta utilizá-lo”, diz Florival Baiôa, que prevê que a utilização do aeroporto de Beja possa passar pelo transporte de mercadorias e de apoio ao porto de Sines.

 

Também David Simão não admite a hipótese de Beja “ser alternativa a Lisboa”, mas considera que “é viável”, desde que tenha “um plano de negócios próprios” e, com base nas reuniões do conselho consultivo, em que tem participado em representação do Nerbe, elogia a “nova atitude” da ANA.

 

“Temos feito tudo para que Beja não saia de cima da mesa e disponibilizamos toda a ajuda que for preciso” para que isso aconteça.

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