Diário do Alentejo

"É muito complicado o relacionamento, honesto e sincero, entre os cidadãos e o poder político"

13 de janeiro 2023 - 14:30
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Três Perguntas a Florival Baiôa, Porta-Voz do Beja Merece +

 

Texto José Serrano

 

O Beja Merece + comunicou ser intenção deste movimento de cidadãos pedir uma reunião com o novo ministro das Infraestruturas, João Galamba, que tomou posse dia 4 de janeiro. O que considera ser indispensável transmitir ao ministro, caso o encontro seja aceite?

É muito complicado o relacionamento, honesto e sincero, entre os cidadãos e o poder político. Mesmo parecendo que o encontro reúne dois grupos de trabalho, a verdade é que existem outras vozes e vontades, outros pensamentos, que eliminam a viabilização de projetos e de desenvolvimento que a população quer para a sua região. Alguns políticos transmitem-nos a sensação de que as nossas vozes lhes entram por um ouvido e lhes saem, velozmente, pelo outro. Contudo, em bom rigor, nem todos os políticos, com quem já reunimos, procederam assim – alguns deles discutiram connosco, ponto a ponto, os projetos apresentados e penso que ganhámos muito com isso. Mas, como os ares políticos estão continuamente a mudar, ao ritmo dos ventos que sopram neste inverno, convirá ouvir os novos e velhos atores do palco. Serão eles que, afinal, poderão resolver as situações que reclamamos. Ao novo ministro queremos apresentar-lhe as nossas preocupações quanto a prazos, verbas, adjudicações e início das obras relativas às acessibilidades, na região, e ouvir o que João Galamba tem em mente sobre o calendário proposto e as iniciativas que já estão em curso.

 

Teme que esta remodelação ministerial possa atrasar a calendarização de projetos para a região, na área das acessibilidades, assumida pelo anterior ministro, Pedro Nuno Santos?

É sempre possível existir, em qualquer cidadão ou movimento social, o receio de alterações ao que está estipulado. Nós apenas queremos que as infraestruturas necessárias sigam o caminho que deveria já ter sido concluído, desde há muito, e ver a nossa região com mais gente, mais desenvolvimento, mais riqueza económica, mais sorrisos de felicidade nos rostos das pessoas – poder olhar para as ruas cheias de jovens, com os seus projetos de vida concretizados. Mas lembram-se de Pedro Marques, [ministro do Planeamento e das Infraestruturas entre 2015 e 2019], que nada fez durante quatro anos e que depois foi para Bruxelas?

 

Gostaria de se ver “acompanhado” por outras forças vivas do distrito de Beja nesta tentativa de procurar saber qual a estratégia que o novo ministro tem relativamente às acessibilidades para a região?

É extraordinariamente lamentável que o poder político regional, ainda que sendo maioritariamente da mesma “cor política” do Governo, não se consiga juntar, a uma escala maior, com os cidadãos, para que possamos partir para exigências razoáveis e urgentes, necessárias a este nosso território, que ocupa um quarto do País. Em vez de união, é a desunião que reina. Sinto-me muito triste por esta trágica cena, que nos deixa cada vez mais isolados e incapazes de lutar em união.

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