Diário do Alentejo

"O Alentejo tem vindo a viver anos de seca e a tendência é que essa situação se vá acentuando"

24 de dezembro 2022 - 09:00
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Três Perguntas a Luís Mestre, Fundador e Coordenador do projeto Meteo Alentejo - Associação Meteorológica

 

Texto José Serrano

 

O Alentejo tem estado geralmente associado a grandes períodos de secas, mas na semana anterior a esta o nível de pluviosidade, na região, foi extraordinariamente alto, em particular no distrito de Portalegre. Que fenómenos estiveram associados a este “dilúvio”?Na madrugada de dia 13 de dezembro, uma frente fria atravessou o território nacional, ficando, no entanto, “estacionada” na faixa Sousel/Arronches, durante praticamente oito dias, originando assim chuva muito forte e persistente, ao longo de todo este período, o que provocou acumulados de precipitação superiores a 100 mm e todos os estragos que vimos. Sousel foi a localidade onde mais choveu, com 147 mm, seguido de Marvão, com 135 mm, Castelo de Vide, com 115 mm, Arronches e Fronteira, com 114 mm, e Monforte com 104 mm. Valores que contrastam com os do Baixo Alentejo, pois, por exemplo, em Serpa, nesse dia, apenas caíram três mm.

 

É expectável que este tipo de fenómenos atmosféricos extremos venha a alicerçar-se, também no Alentejo, como o “novo normal”?O Alentejo tem vindo a viver anos de seca, uns atrás de outros, e a tendência é que essa situação se vá acentuando, com o passar do tempo. Não se prevê, de todo, que fenómenos deste tipo se repitam frequentemente, uma vez que são situações raras de acontecer.

 

Qual a importância da rede de estações da Meteo Alentejo para a prevenção das populações e mitigação dos prováveis danos, consequentes deste tipo de fenómenos meteorológicos extremos?Neste caso em concreto, de dia 13 de dezembro, a vasta cobertura da Rede de Estações Meteorológicas da Meteo Alentejo foi essencial para os agentes de proteção civil acompanharem, em permanência, os dados da precipitação acumulada nos seus concelhos. Nesse dia, o site Meteo Alentejo, onde os dados são disponibilizados em tempo real, registou mais de oito mil acessos, o que demonstra a importância destes equipamentos, para uma monitorização, em direto, do que estava a acontecer, permitindo agir atempadamente naquilo que é possível, nestas situações. O facto de estes concelhos mais afetados possuírem estações meteorológicas permitiu que a Comunidade Intermunicipal do Alto Alentejo pudesse recolher estes dados extremos, para juntar ao relatório que se fez com o levantamento dos estragos, para entregar ao Governo.

 

 

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