Diário do Alentejo

Terras Sem Sombra em risco em 2023 e 2024

20 de novembro 2022 - 12:30
DGArtes diz “ter esgotado montante global disponível” para apoiar evento. Promotores do festival contestam decisão e esperam resposta da tutela
Foto | Terras sem SombraFoto | Terras sem Sombra

A Direção-Geral das Artes (DGArtes) informou os organizadores do Festival Terras Sem Sombra que “não tenciona apoiar” a sua candidatura ao Programa de Apoio Sustentado, na área da música, para 2023 e 2024. Segundo Sara Fonseca, dirigente da associação Pedra Angular, esta medida, a ser confirmada, “põe em causa a realização do evento nos próximos dois anos” com figurino habitual.

 

 

Texto Aníbal Fernandes

 

A cerca de quatro meses do início do Festival Terras Sem Sombra, a associação Pedra Angular, entidade organizadora do evento, foi confrontada com a recusa de apoio financeiro (60 mil euros/ano) por parte da DGArtes.

 

Sara Fonseca, responsável pelo evento, disse ao “Diário do Alentejo” que sem a atribuição do subsídio pedido no âmbito do Programa de Apoio Sustentado, na área da música, fica em causa a realização do programa que inclui concertos e atividades de divulgação do património cultural e ambiental do Alentejo.

 

A organização pediu uma reavaliação da decisão para a tutela e a resposta é esperada até hoje, dia 18 de novembro.

 

“Confiamos que o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, atenda ao equilíbrio entre territórios e manifestações artísticas e à qualidade do festival alentejano, reconhecida pela DGArtes”, disse a responsável à agência “Lusa”.

 

Em caso de se concretizar o pior cenário, Sara Fonseca explicou ao “Diário do Alentejo” que pode haver um “plano B”, mas tal “teria de ser discutido com os parceiros do festival”: autarquias, empresas e outras instituições. No entanto, o cancelamento parece ser a solução mais plausível.

 

“O programa está fechado para dois anos. Um festival desta dimensão não se improvisa”, diz a organizadora do evento, revelando que cada edição tem um orçamento a rondar os 300 mil euros.

 

MAIORIDADE

O Festival Terras Sem Sombra realiza-se há 18 anos no Alentejo e a Pedra Angular integrou a organização desde a primeira edição, na altura liderada pelo Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja. Desde 2016 que a associação, com sede em Santiago do Cacém, assumiu a organização da iniciativa que junta espetáculos de música clássica com visitas ao património natural e edificado e com ações de salvaguarda da biodiversidade.

 

A edição de 2022 terminou em outubro, tendo passado pelos municípios de Ferreira do Alentejo, Vidigueira, Beja, Mértola e Odemira (distrito de Beja), Mourão e Montemor-o-Novo (Évora), Castelo de Vide e Alter do Chão (Portalegre) e Santiago do Cacém e Sines (Setúbal).

 

Segundo Sara Fonseca, “descontinuar” o trabalho realizado pelo festival desde 2003 “deixa o território alentejano sem a sua temporada musical e pode comprometer seriamente o desenvolvimento de novos públicos. Além disso, prejudica a internacionalização que tem vindo a ser construída, ao longo de anos e que não admite improvisações”.

 

A recusa de apoio é “inesperada” e “nunca aconteceu nos últimos anos”, reforçou, prometendo que a associação tudo fará “para prosseguir o caminho iniciado em 2003”, uma vez que a “rede de parcerias com os municípios e outras entidades da região é sólida”.

 

Sara Fonseca acrescentou ainda que a “as regras foram mudadas quando as candidaturas já estavam entregues”, tendo-se gerado “uma acentuada assimetria entre apoios quadrienais e bienais e entre regiões, privilegiando as grandes estruturas, ao invés de projetos mais pequenos, disseminados pelo país”.

Comentários