Beja poderá ficar, dentro de três décadas, ligada diretamente por via-férrea a Lisboa, Madrid e Huelva. Este é o projeto que o governo está a estudar e que foi comunicado à delegação da Comunidade Intermunicipal do Baixo Alentejo (Cimbal) que esteve reunida esta semana com o ministro das Infraestruturas e Habitação. A eletrificação da linha até Casa Branca, o IP8, o aeroporto e as comunicações digitais foram outros dos temas em cima da mesa.
Texto Aníbal Fernandes
António Bota, presidente da Cimbal, os vice-presidentes, Paulo Arsénio e Rui Raposo, e o primeiro-secretário, Fernando Romba, foram a Lisboa, reunir com Pedro Nuno Santos, ministro das Infraestruturas e da Habitação e com o secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Santos Mendes, para dar conta da “preocupação com o presente e o futuro do distrito de Beja”.
Dos vários assuntos em discussão, António Bota, também presidente da Câmara Municipal de Almodôvar, faz questão de salientar o tema das comunicações digitais em que há novidades: “até 2025, 90 por cento das freguesias do distrito de Beja ficarão servidas pela rede G5 e por fibra ótica”. Foi esta a garantia que os autarcas baixo-alentejanos obtiveram da parte do Governo.
“Não podemos permitir que o distrito de Beja fique atrás de outros no que respeita a esta tecnologia. Temos de ter respostas digitais à altura para podermos atrair investimento para o território” disse ao “Diário do Alentejo” o presidente da Cimbal, adiantando que este investimento será suportado em partes iguais pelo Governo e pelas diversas operadoras.
No entanto, o investimento mais substancial – ainda que à distância de três décadas, em 2045/50 – será a ligação de Beja, de forma direta, a Lisboa, Évora/Madrid e Faro/Huelva. Este é um projeto em que o Governo está a trabalhar e que orçará em cerca de 20 mil milhões de euros. Em qualquer dos casos, a eletrificação da linha entre Casa Branca e Beja é mesmo para avançar e deverá estar concluída em 2025.
Brevemente, após aprovação em Conselho de Ministros, será aberta à discussão pública da versão inicial do Plano Ferroviário Nacional, e no qual a Cimbal “terá todo o interesse em participar”.
No que diz respeito às acessibilidades rodoviárias, o prazo para o avanço das obras mantém-se entre 2023 e 2024 e será aquilo que Pedro Nuno Santos já anunciou: a renovação do IP8 com o aproveitamento de alguns traçados da A26, nomeadamente as circulares a Figueira de Cavaleiros e Beringel.
Por último, a delegação da Cimbal informou o ministro das Infraestruturas e Habitação dos contactos que tem mantido com a empresa concessionária do aeroporto e da necessidade em aumentar a placa da infraestrutura aeronáutica. O ministro disse que essa é uma iniciativa que tem de caber à Vinci, mas que “apoiará qualquer decisão nesse sentido”, acrescentando que Beja “nunca será um complemento a Lisboa e que deverá procurar ter vida própria”.
António Bota garante que a Cimbal “está a fazer por isso” e revela que tem desenvolvido contactos a vários níveis, de forma a potenciar a utilização daquele equipamento, nomeadamente para a “sua utilização para passageiros”.