Diário do Alentejo

Comissão Diocesana de Arte Sacra entrega peças ao Mosteiro dos Jerónimos

31 de maio 2022 - 12:50
Objetos também devolvidos a diversas paróquias da diocese

A Comissão Diocesana de Arte Sacra da Diocese de Beja encontrou mais de 160 objetos e peças de mobiliário civis e religiosos, dos séculos XV a XX, na Igreja Matriz de Santiago do Cacém, estando neste momento a proceder à sua identificação e devolução “a quem efetivamente pertencem”.

 

Texto Ana Filipa Sousa de Sousa

 

A descoberta deu-se entre 2020 e 2021 e agora, depois de diversos estudos quanto à sua proveniência, foi possível iniciar o processo de devolução dos mais de 160 objetos decorativos de cariz civil e religioso. Ao Estado Português, pela pessoa da diretora do Mosteiro dos Jerónimos, Dalila Rodrigues, foram entregues seis peças: um banco do século XX, uma mesa do século XV, uma estante de rosca do século XV, cinco castiçais de bronze do século XVI, quatro arcas do século XV, uma arca comprida-escabelo do século XVI e dois bancos genuflexório do século XV. Estas peças foram adquiridas entre 1956 e 1958 para um projeto de decoração da Torre de Belém, como referem ofícios e relatórios da época: “reconstruir o interior da Torre de Belém, tal como pôde supor-se estaria mobilada no decurso do século XVI” e, ainda, ”criar um ambiente que dê às salas um aspecto mais sugestivo, quebrando ao mesmo tempo a frieza de uma casa que deixou de exercer qualquer função e cuja nudez de certo modo confrange”. A Igreja Matriz de Santiago do Cacém, durante as últimas décadas, tem servido de acervo histórico “de um conjunto notável de peças de mobiliário e de alguns castiçais dos séculos XV e XVI, sem qualquer ligação histórica a esta igreja e que aqui permaneciam sem referência ao local da sua proveniência”. Ao “Diário do Alentejo”, o presidente da Comissão Diocesana de Arte Sacra da Diocese de Beja, padre Manuel António do Rosário, revelou que foram encontradas diversas peças oriundas de paróquias, misericórdias, seminários e outras instituições que não regressaram aos seus destinos após exposições e que estavam guardadas e “distribuídas por diferentes dependências” na igreja e no Museu da Arte Sacra de Santiago do Cacém, fruto de um protocolo, desde 2003, com o Instituto Português dos Museus.

 

As peças entregues ao Mosteiro dos Jerónimos estão agora patentes ao público “numa pequena sala do coro-alto da igreja” numa exposição “não temporária”, intitulada “Passado Inventado: objetos e cenografias das Comemorações Henriquinas na Torre de Belém”.

 

Os restantes objetos e mobiliários provinham do Seminário de Beja e das paróquias de Santo André, São Bartolomeu, São Francisco da Serra, Cercal do Alentejo, Melides, Mértola, Ourique, Castro Verde, Casével, Beringel, Cuba, Pedrógão do Alentejo, Nossa Senhora das Neves, São João Batista, Santiago Maior, Serpa, Almodôvar, Barrancos, Baleizão, Espírito Santo e Moura. Foram ainda devolvidas peças ao Paço Episcopal de Beja e a Santa Casa da Misericórdia de Vidigueira.

 

Segundo o padre Manuel António do Rosário, das listas apresentadas por cada entidade, faltam localizar artigos das igrejas de Cuba, Beringel e Santo Aleixo da Restauração.

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