Três Perguntas a Associação Foz do Mira, sedeada em Vila Nova de Milfontes (Odemira)e promotora do desenvolvimento de desportos náuticos e de ações de preservação do meio ambiente
Texto José Serrano
Uma tonelada de lixo recolhido na praia do Malhão e na zona do Porto das Barcas, em Odemira, foi o recente resultado de uma iniciativa, impulsionada pela Associação Foz do Mira, que contou com a participação de mais de cem voluntários. É o envolvimento da comunidade, à semelhança do que aconteceu nesta ação, imprescindível para a preservação do património natural?
O envolvimento da comunidade, para além de ser crucial, significa que existe preocupação ambiental, resultado de campanhas de sensibilização que acabam por despertar, em cada cidadão, essa consciência. Esta inquietação comunitária permite que se possam inverter os danos de todos os anos passados, em que o mar era visto como um poço sem fundo onde se podia deitar lixo e que não fazia mal deixá-lo na praia ou no campo. É importante que a comunidade sinta que pode contribuir e fazer parte de um movimento que, para além de ter um impacto positivo na limpeza dos territórios, tem também uma importância muito grande, a nível pedagógico.
Independentemente da proveniência do lixo recolhido, é, invariavelmente, a sua presença na praia o resultado de uma atitude negligente sobre o meio ambiente?
A maior parte do lixo recolhido está relacionada com as atividades piscatórias e chega à costa vinda do mar. Nesta ação recolheram-se redes e armadilhas de pesca, cordas, amarrações e boias, entre outros objetos. É muito preocupante a quantidade de micro lixo encontrado nas praias, principalmente micro plástico (plástico em fase de degradação que se subdivide em pequenas partículas). A recolha deste tipo de lixo é muito difícil, uma vez que as suas dimensões são muito reduzidas – será um desafio para uma futura limpeza de praias, sendo que serão necessárias ferramentas e técnicas adequadas para que se consiga efetuar.
Quais as atitudes necessárias, para que todos possamos usufruir de praias sãs?
Tudo passa pela educação. Começa nos pais, que a passam para os filhos e por aí em diante. Temos de plantar a semente cedo, pelo que é importante incluir a educação ambiental no programa de escolas. Só assim estaremos a trabalhar no futuro e na crescente preocupação de todos. Para poder “educar” gerações mais antigas, é importante que se organizem eventos para criar e reforçar a consciência ambiental, em toda a população. O que se pretende é que a presença de lixo, que se encontra nas praias ou no campo, não seja olhada como uma situação normal. Para isso é necessário que esteja presente uma consciência ativa, capaz de criar formas inovadoras de reduzir a pegada ambiental, que todos nós temos no planeta.