Diário do Alentejo

Campus Sul, o novo agitar do Alentejo

05 de abril 2022 - 09:30

Ensino, investigação e inovação são os eixos que conduzem o novo projeto da Universidade de Évora (EU), da Universidade Nova de Lisboa (UNL) e da Universidade do Algarve (UALG) para agitar o sul do país. O consórcio entre as três instituições de ensino pretende “promover o desenvolvimento de uma área específica do território nacional através da valorização social, cultural e económica”, colocando ao serviço do sul o melhor conhecimento possível para “responder aos desafios que a região enfrenta, ou seja, a resiliência, a coesão territorial e a sustentabilidade”.

 

Texto Ana Filipa Sousa De Sousa

 

Em termos práticos o objetivo é criar ciclos de estudos em determinadas áreas importantes da e para a região, como a agricultura, o mar e o património, o turismo, a energia e a gestão da água, que em conjunto com os Centros de Conhecimento Aplicado e Inovação para a Sustentabilidade (CAIS), constituídos por qualquer “ator da região, seja ele do setor público, privado ou social” possam interligar os conteúdos teóricos e os conhecimentos reais e profundos vividos no território.

 

Esta aprendizagem, “fora dos muros das universidades e espalhadas estrategicamente pelo território” têm como CAIS prioritários o Centro de Conhecimento para a Modernização Agrícola Sustentável e Segurança Alimentar (Massa), em Elvas e polos em Évora e Faro, o Centro de Conhecimento para as Cidades e Comunidades Sustentáveis do Futuro (CITY21), em Lisboa e polos em Évora, Mértola e Faro e o Centro de Conhecimento para o Património, Arte e Cultura, com sede no Mosteiro de São Bento de Cástris, em Évora, e polos em Ourique (Centro de Arqueologia Caetano de Mello Beirão), Mértola (Campo Arqueológico de Mértola), Faro e Lisboa. Simultaneamente o Campus Sul contará também com o Instituto Politécnico de Portalegre, o Centro de Ciência Viva de Estremoz, o Sagres-Centro de Conhecimento do Mar, com sede em Lisboa e polos em Vila do Bispo e Sines, o Instituto do Mar e da Atmosfera (IPMA), a Docapescas e a Administração dos Portos de Sines e do Algarve.

 

UMA EXPERIÊNCIA ÚNICA: ERASMUS INTERNO

“Com este consórcio inédito, serão criados novos ciclos de estudo, com destaque, por exemplo, para uma licenciatura na área da sustentabilidade, que será ministrada totalmente em inglês e que vai dar a possibilidade aos alunos de poderem passar o primeiro ano na Universidade Nova de Lisboa, o segundo na Universidade de Évora e o terceiro na Universidade do Algarve, com alojamento nas residências universitárias. Isto, por um lado, é atrativo para os estudantes porque permite fazerem uma espécie de Erasmus nacional, vivendo experiências diversificadas em três universidades e três cidades distintas”, explica ao ‘Diário do Alentejo’ a assessora de imprensa da UNL, Joana Réfega. Esta modalidade, além de ser um atrativo para estudantes nacionais e internacionais permitirá um contacto com “três diferentes realidades” em termos territoriais, culturais e académicos que enriquecerão os jovens nas suas vidas pessoais, mas especialmente nas suas competências profissionais.

 

O Campus Sul, pretende não só ser uma experiência transformadora no ensino, mas sobretudo um ´desassossegar’ dos problemas das áreas do interior e litoral do sul, como por exemplo a falta de mão-de-obra qualificada, o envelhecimento populacional e o elevado índice de desertificação.

 

Um dos suportes do sucesso desta iniciativa assenta na experiência já conhecida da Universidade de Évora e da Universidade Nova de Lisboa em Elvas, através do projeto InnovPlantProtect. Este trata-se de um programa que pretendeu “desenvolver soluções inovadoras de base biológica para a proteção das culturas mediterrâneas, sementes e produtos pós-colheita, designadamente novos métodos de detenção e rastreio de pragas e doenças emergentes” que com o auxílio da autarquia, de associações agrícolas da região e empresas produtoras de químicos para o setor alimentar” levou o município a acolher “30 investigadores e as respetivas famílias”.

 

“Com isto, também o Campus Sul, através da investigação colaborativa e interdisciplinar, pretende intervir no território e na comunidade, respondendo aos principais desafios que enfrentam e criando emprego cientifico em ligação com o tecido económico e social local e regional”, esclarece Joana Réfega.

 

Os reitores preveem que dentro de dois anos, no ano letivo de 2023/2024, seja inaugurada a primeira licenciatura tripartida que marcará o início deste novo ciclo académico dividido entre três instituições e que futuramente esta seja estendida a mestrados e doutoramentos.

 

Esta união conta ainda com as Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo, do Alentejo e do Algarve, bem como com diversas Câmaras Municipais desde Almada até Faro. As portas continuam abertas a toda os agentes da comunidade, como associações de agricultores, empresas da região, instituições de ensino superior, organizações culturais, museus ou entidades sociais que queiram abraçar o projeto com vista a “promover o desenvolvimento sustentável da zona sul do país e estimular a coesão territorial, contribuindo assim para um território mais unido e com menos assimetrias entre o litoral e o interior”.

Comentários