Diário do Alentejo

A superpopulação de pombos "é um problema complexo"

04 de fevereiro 2022 - 11:05

Três perguntas a Miguel Ramalho, Presidente da Junta de Freguesia de Santiago Maior e São João Baptista

 

Texto José Serrano

 

Propôs à Câmara de Beja a realização de uma reunião, com o objetivo de se tomarem medidas de controlo da população de pombos, na cidade. Quais os principais problemas registados pela junta de freguesia a que preside, consequentes da superpopulação destas aves?

A sujidade em espaços públicos e habitações, com fezes de elevado grau de acidez e penas; a degradação de monumentos; as infiltrações provocadas pelo entupimento de algerozes; pessoas que nem podem pôr a roupa a secar; a existência de animais visivelmente doentes e o aparecimento de animais mortos em locais públicos. Associadas a estas as questões, outras há ligadas à saúde pública, pois existem doenças que podem ser transmitidas ao homem através das fezes e das penas e que, não sendo tratadas atempadamente, podem tornar-se muito graves.

 

Sendo este um problema referenciado na cidade de Beja, desde há vários anos, qual a razão de ainda não ter sido solucionado?

Este é um problema complexo. A imagem do pombo está associada à paz, à religião, ao amor. Mas, em número muito elevado, os pombos de cidade são uma praga e enquanto não for encarada como tal dificilmente se conseguirá contrariar o aumento exponencial da sua população. O mais importante, para que venham a ser adotadas medidas, é ter consciência que o problema existe e da necessidade de serem encontradas soluções. A última grande campanha para diminuição de pombos ocorreu em 2006 e envolveu um número significativo de entidades. A partir daí mantiveram-se algumas medidas, mas com uma intensidade muito insuficiente.

 

Que medidas considera poderem ser tomadas, a curto/médio prazo, para a diminuição da população de pombos de cidade, em Beja?

Em primeiro lugar é necessário procurar sensibilizar um conjunto de entidades e a população em geral. Daí, considerarmos que a Câmara de Beja deve liderar este processo, envolvendo o veterinário municipal, promovendo uma reunião com as juntas de freguesia da cidade, empresas públicas ou privadas proprietárias de edifícios onde o problema se faz sentir, empresas gestoras de condomínios, convidar especialistas na área. Identificar os locais mais críticos e decidir os métodos a aplicar. Quanto aos edifícios particulares, as empresas e outras entidades gestoras de condomínios deverão ter um papel importante, identificando as condições objetivas que contribuem para atrair os pombos e procurar que as mesmas deixem de existir, criando, simultaneamente, condições para os afastar, capturar ou diminuir a sua capacidade reprodutora, conforme a opção que se considere mais adequada – seja através da utilização de gaiolas, barreiras físicas, repelentes, métodos anticoncecionais, destruição de ninhos, etc. De preferência soluções integradas, caso contrário estaremos a retirar os pombos do edifício em que vivemos e a empurrá-los para o edifício vizinho, e isso não é propriamente o que se pretende.

 

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