Diário do Alentejo

Fátima Carvalho quer um IPBeja “mais relevante"

02 de novembro 2021 - 07:00

O “reduzido número” de candidaturas e matrículas em alguns cursos, o “nível insatisfatório” da produção científica e uma “escassa disseminação” das atividades de investigação e desenvolvimento são algumas das “principais fraquezas” que “persistem” no Instituto Politécnico de Beja (IPBeja), diz a nova presidente da instituição, Fátima Carvalho.

 

Texto Luís Godinho

 

A estes problemas – de resto, identificados no último plano estratégico elaborado para o IPBeja, somam-se ainda a “reduzida prestação de serviços de elevado valor” à comunidade e a “divulgação reduzida das atividades nucleares” desenvolvidas no Politécnico.

 

“A capacidade de atração de estudantes do IPBeja e de outras instituições de ensino superior do interior, é afetada por diversos fatores sendo os mais importantes a baixa densidade demográfica da região e o envelhecimento da população”, refere Fátima Carvalho no plano de ação para os próximos quatro anos. A nova presidente acrescenta que essa capacidade de atração é ainda condicionada pelo envelhecimento da população, pela proximidade das universidades de Évora e do Algarve e pelo abandono escolar nos vários graus de ensino.

 

No entanto, prossegue, “nos últimos anos, a área de influência geográfica do IPBeja tem vindo, cada vez mais, a estar no centro das decisões de investimento, fruto do esforço dos empresários e das instituições públicas e privadas da região”, em investimentos como o desenvolvimento do perímetro de rega do Alqueva, o porto de Sines ou o turismo.

 

“Os investimentos efetuados, direta ou indiretamente devidos a estes vetores, necessitam de pessoas com as qualificações que o IPBeja pode conferir, como instituição de proximidade. Estes aspetos fazem com que a atividade do IPBeja se torne mais relevante no contexto económico e social da região em que se insere”, sublinha a nova presidente, segundo a qual o Politécnico “assume especial relevância no contributo para a fixação de jovens diplomados e no abrandamento da desertificação demográfica, bem como no apoio à economia regional e na qualificação das organizações”.

 

Neste prato da balança, e além do contributo para o desenvolvimento regional, Fátima Carvalho diz serem “indiscutíveis algumas forças” da instituição, designadamente a sua “relevância institucional e identitária” a nível local e regional, a visibilidade de alguns cursos, a existência de um número “considerável” de estudantes estrangeiros, além da proximidade entre docentes e alunos.

No plano de ação para os próximos quatros anos, a nova presidente - doutorada em Ciências Químicas e professora coordenadora principal do IPBeja – propõe-se “incrementar a notoriedade e o reconhecimento público” da instituição, “com base na qualidade da formação, no desenvolvimento de projetos de investigação e desenvolvimento e na prestação de serviços” à comunidade.

 

Valorizar o papel da investigação aplicada, inovar “nas vertentes pedagógica, científica, tecnológica, artística, cultural, social e de serviços” e apostar na cooperação com outras instituições de ensino superior e na internacionalização, são outras das “orientações estratégicas” de Fátima Carvalho, que se propõe ainda “intensificar a cooperação com os protagonistas do setor privado e público da região”, apostar na “divulgação ao exterior de iniciativas integradas, coesas e coerentes com a missão institucional” e criar condições para uma oferta de formação contínua para professores dos ensinos básico e secundário”.

 

ÁREAS DE INTERVENÇÃO

Para alcançar estas “opções estratégicas”, a nova presidente do IPBeja propõe um conjunto de 13 “áreas de intervenção” nos mais diversos domínios, a começar pela “principal missão” de qualquer instituição educativa: o ensino e a formação. “Desejo que o Politécnico seja reconhecido por oferecer uma formação moderna e atual, que acompanhe o desenvolvimento técnico-científico e os desafios sociais”.

 

Para isso defende a promoção de “novas formações ajustadas às necessidades regionais e nacionais”, a reestruturação dos planos curriculares dos cursos, “respondendo de uma forma eficiente às exigências sociais e aos desafios do futuro em estreita colaboração com o mundo empresarial e outras organizações”, a reorientação da oferta formativa e a criação de condições para a oferta de formação contínua direcionada aos professores dos ensinos básico e secundário, “tentando dinamizar os recursos existentes na instituição, antecipando necessidades do sistema educativo e em resposta às necessidades societais de formação ao longo da vida”.

 

Fátima Carvalho sublinha igualmente “a necessidade de uma maior interligação entre o que se ensina e o que se investiga nas diferentes áreas disciplinares”, bem como a importância de o IPBeja “continuar a investir na promoção de uma cultura empreendedora que estimule a criatividade, a inovação, espírito de iniciativa e releve a transferência para a sociedade do conhecimento gerado” na instituição.

 

Para isso propõe um conjunto de medidas, da integração dos estudantes nas atividades de investigação científica à reestruturação da política de apoio à divulgação científica, “nomeadamente através da valorização da investigação de maior qualidade e com impacto regional”, do reforço do apoio à gestão de candidaturas a projetos nacionais e internacionais à promoção dos resultados da investigação científica e tecnológica e ao incentivo à sua publicação em acesso aberto, “de forma a aumentar a visibilidade e a notoriedade” do IPBeja nos ‘rankings’ internacionais;

 

IPBEJA QUER “INTENSIFICAR” RELAÇÕES COM A COMUNIDADE

A nova presidente do IPBeja diz ser “imperativo” intensificar a relação da instituição com a comunidade (empresas e entidades públicas e privadas), estimulando a realização de iniciativas conjuntas de interesse mútuo. “O sucesso desta relação passa por uma maior consciencialização interna da importância da transposição do conhecimento produzido para a economia e de uma sensibilização das empresas e outras entidades para uma maior aposta no investigação e desenvolvimento como forma de darem o salto para um ecossistema de inovação”, sublinha Fátima Carvalho. Entre as propostas para esta área inclui a “análise e concretização de eventuais parcerias para acesso aos diversos programas e fundos europeus, nomeadamente no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência, visando uma aposta na inovação que permita alavancar as transições digital e verde”.

Comentários