Diário do Alentejo

“A habitação é a nossa maior preocupação”

14 de junho 2021 - 10:15

O presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas, faz o balanço do atual mandato, “fortemente restringido pela pandemia” durante mais de um ano e meio, considerando que, atualmente, o mais importante será continuar a dar resposta aos desafios impostos pela mesma, “que ainda não acabou”. O autarca fala da “crescente procura de investimentos, em várias áreas, em Sines” e da necessidade de uma maior oferta no setor da habitação, imprescindível para que se criem condições “para fixar população e quadros no concelho”.

 

Texto José Serrano

 

O que se modificou no concelho de Sines, desde a presidência camarária que iniciou em 2017?

 

Desde 2017 até hoje, foram muitas as mudanças e os desafios que o concelho de Sines enfrentou. Ao longo deste mandato, tivemos a possibilidade de concretizar as intervenções cujos projetos tínhamos vindo a desenvolver e que contratualizámos no Portugal 2020. Por outro lado, passámos por uma mudança menos positiva, que começou em 2020, com o início de uma pandemia que mudou o ciclo e a ordem mundial. Toda a situação pandémica obrigou-nos a proceder a um conjunto de ajustes, que permitissem ultrapassar as dificuldades mais prementes. A estrutura municipal estava preparada para responder a momentos de crise, para ser responsiva em relação a situações de emergência, mas o seu funcionamento em equipa multidisciplinar estava assente num contexto de partilha de informação e de recursos muito dependente do relacionamento pessoal direto. Foi uma aprendizagem, desse ponto de vista.

 

Quais as “obras” que considera serem, até à data, as mais emblemáticas deste seu mandato?

 

Dentro de todas as obras que o município pôde lançar neste mandato, todas elas importantes, salientava intervenções muito significativas na regeneração e qualificação urbanas, desde a Rua da Floresta, a Rua Marquês de Pombal e as duas fases de qualificação do Bairro 1.º de Maio. Por outro lado, foram feitos ainda dois investimentos particularmente relevantes: o Centro de Dia de Porto Covo, que é uma resposta social fundamental, e a reabilitação da Escola Básica n.º 2, na Quinta dos Passarinhos, a mais antiga escola básica em funcionamento – uma escola de proximidade, que foi intencionalmente preservada. Contudo, será agora uma escola moderna e terá, por exemplo, um espaço multiusos, até então inexistente. Concluímos algumas obras de proximidade, como as requalificações do Bairro da Quinta dos Passarinhos e da Estrada da Ribeira dos Moinhos. A requalificação do património, nomeadamente, o Observatório do Mar, cuja construção arrancou em março, o Centro Recreativo Siniense ou os antigos lavadouros serão intervenções marcantes. Mas ainda lançaremos algumas intervenções, nomeadamente de requalificação da entrada da cidade de Sines e de melhorias nas vias do concelho.

 

Com as próximas eleições autárquicas marcadas para setembro/outubro, qual a sua principal prioridade nesta “reta final” de mandato?

 

Sem dúvida, o mais importante será continuar a dar resposta aos desafios impostos pela pandemia, que ainda não acabou e continua a influenciar todo o quotidiano. Saber lidar com o imprevisto, com o que não corre como esperávamos, é hoje quase uma obrigação. Temos obras para gerir e para fechar e estamos empenhados em lançar ainda algumas intervenções de proximidade, que só seriam possíveis de realizar nesta atual fase de desconfinamento.

 

Na sua perspetiva, quais os principais problemas com que o concelho de Sines se debate?

 

A médio prazo, a habitação é a nossa maior preocupação. Com a crescente procura de investimentos, em várias áreas, em Sines, é inevitável que criemos condições para fixar população e quadros no concelho. Já há algum tempo que sentimos essa pressão, por isso este é um tema sobre o qual temos vindo a trabalhar nos últimos anos. Sabemos que os preços da habitação em Sines estão bastante altos, tornando o acesso à habitação muito difícil, principalmente por parte de famílias de rendimentos médios. Vamos aprovar a nossa Estratégia Local de Habitação e nela, além da prioridade às famílias carenciadas que vivem em condição habitacional indigna, temos identificada a necessidade de se investir em habitação a custos controlados, seja por parte do setor cooperativo seja por parte de privados.

 

Quais os principais desafios que o presidente da Câmara de Sines, que será eleito para o quadriénio 2021/2025, terá pela frente?

 

Se merecer a confiança da população, vamos continuar a trabalhar para que este concelho continue a manter-se resiliente, no contexto desta crise, e a procura de investimentos continue a crescer, tanto na área portuária como na industrial, tanto no turismo como em áreas emergentes, como a digital. É necessário continuar o trabalho, com base numa planificação, que nos permita responder a exigências que são novas. Estamos cientes de que Sines continuará a ser um concelho chamado a responsabilidades nacionais e, nesse sentido, temos de estar preparados para corresponder. O próximo mandato, ao contrário do que poderia ser previsível, não é o de encerramento de um ciclo, é o de lançamento de outro.

 

“AMBICIONAMOS SEMPRE MAIS”

 

Que objetivos, por si ambicionados para este mandato, poderão ficar por cumprir?

 

Ambicionamos sempre mais, para o concelho, do que aquilo que é realmente possível fazer durante o período de um mandato, sobretudo quando temos um mandato em que um ano e meio é fortemente restringido pela pandemia. O que não foi possível passar ao terreno está em projeto, como a construção de uma nova Estação de Tratamento de Águas Residuais, necessidade que tem de ser resolvida e para a qual tem sido muito complicado encontrar, junto das entidades competentes, consenso e financiamento. A intervenção que estava programada e que, de facto, não arranca é a requalificação do mercado municipal. Adjudicámos a empreitada, mas a empresa usou de todos os expedientes para não iniciar a obra e, entretanto, abriu insolvência. Vamos ter de lançar novo procedimento mas, passado este tempo e após uma subida generalizada dos preços, é provável que tenhamos de fazer uma revisão ao projeto.

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