Diário do Alentejo

“A nossa prioridade é combater o vírus e apoiar as empresas”

02 de março 2021 - 09:15

O presidente da Câmara de Almodôvar, António Bota, em entrevista ao “Diário do Alentejo”, faz o balanço do atual mandato, considerando que o tempo que resta até às próximas eleições autárquicas deve refletir, como prioridades, o combate à pandemia e o apoio a empresas e empresários, “para que o tecido empresarial do concelho de Almodôvar se mantenha, alavancando a microeconomia”.

 

Texto José Serrano

 

O que se modificou no concelho de Almodôvar, desde a presidência camarária que iniciou em 2017?

Tudo muda quando muda uma presidência. No caso de Almodôvar não mudou muito porque a equipa que foi eleita em 2013 manteve-se, aumentando nas eleições de 2017 o número de vereadores que estavam no executivo, eleitos pelo PS. Mantivemos a estratégia inicial de preparar o concelho, para o futuro. Não mudámos estratégias, não mudámos a vontade de trabalhar com pessoas e para as pessoas. Mas mudámos, certamente, as metodologias de trabalho, pois quanto mais experiência, mais efetividade conseguimos nos projetos, nos trabalhos, na ação social, no apoio ao associativismo, no apoio às empresas, entre outros. E, passados quase quatro anos, se olharmos para o nosso concelho, vimos mais modernismo, vimos obras necessárias que estão terminadas e outras em curso. E se olharmos internamente, vimos uma panóplia de cerca de 12 projetos quase prontos, que só não estão em curso porque, desde março de 2020, estamos quase a “marcar passo”, em termos de empreitadas.   

 

Quais as “obras” que considera serem, até à data, as mais emblemáticas deste seu mandato?

A substituição de todas as lâmpadas tradicionais de iluminação pública, no concelho, por lâmpadas LED é um projeto que consideramos importantíssimo e, neste momento, está a cerca de 80 por cento. O nosso objetivo é ter, no concelho, 100 por cento LED, no próximo ano. Há três obras de requalificação que marcaram este mandato e que foram obras importantíssimas, sendo que aliaram a componente de substituição de tubagens de água e esgotos e a construção de novas estruturas,  a colocação de novos pavimentos, de passeios para mais segurança pedonal e ciclovia, e a componente de modernização.

 

Que objetivos, por si ambicionados para este mandato, poderão ficar por cumprir?

Tínhamos alguns objetivos que ficam a meio. Um deles, a qualificação do Campo das Eiras, fica quase terminado, mas atrasou cerca de um ano. Outro objetivo, a primeira fase da beneficiação da escola secundária, também se atrasou, pois assumimos a gestão da escola em janeiro de 2020 e temos projetos onde foram solicitados, logo em abril, pareceres a entidades externas e o processo tem andado para a frente e para trás, desde então. Está agora pronto o necessário para avançar com a fase 1 de três fases previstas. Vai para concurso em breve, mas temos uma escola com péssimas condições para os alunos que, no inverno, levam cobertores para a escola e no verão só conseguem estar nas salas de aula de janela aberta, com todos os ruídos do exterior a perturbar…

 

Com as próximas eleições autárquicas no horizonte, qual a sua principal prioridade nesta “reta final” de mandato?

Neste momento, a nossa prioridade é combater o vírus, apoiar empresas e empresários a manterem as suas atividades, para que o tecido empresarial do concelho de Almodôvar se mantenha, alavancando a microeconomia. Para além desta prioridade, em termos de obra pública, queremos terminar a estrada que liga Almodôvar à Aldeia dos Fernandes, pois está num péssimo estado de conservação. Vamos terminar as beneficiações do sítio das “Mesas dos Castelinhos” para permitir visitas a todas as pessoas, desde crianças a pessoas com mobilidade reduzida. Queremos terminar a beneficiação do MESA – Museu da Escrita do Sudoeste Almodôvar, único do género, para permitir mais espaço de exposição e mais visitas pedagógicas. Vamos iniciar a construção do parque de estacionamento público no centro da vila de Almodôvar. Terminámos, ainda, o loteamento Mártir e Santo, iniciámos o loteamento no Rosário, terminámos o relvado no campo de futebol da Aldeia dos Fernandes, o relvado no campo de futebol em Santa Clara e efetuaremos, agora em tempo seco, a pavimentação de alguns caminhos rurais, especialmente os de acesso aos turismos rurais, do concelho, entre outros projetos, que estão prontos para se iniciarem, que dependem de verbas e de serem aceites por empreiteiros, porque a falta de mão-de-obra é uma realidade, na zona e no país.

 

Na sua perspetiva, quais os principais problemas com que o concelho se debate?

Neste momento, a falta de alternativas de empregabilidade à atividade mineira. Estamos constantemente a apoiar empreendedorismo no concelho, mas precisamos de algo mais arrojado, como a área de acolhimento empresarial de Gomes Aires, que está em aprovações nas entidades de gestão territorial, cuja construção contamos iniciar ainda este ano. Emprego traz pessoas, traz atividade comercial no comércio local, traz mais dinâmica, traz mais alunos nas escolas, traz, acima de tudo, motivação para se residir no concelho. Outro desafio é o de aproveitar os fundos comunitários, de modo a que o concelho fique infraestruturado e com capacidade de resposta nas diferentes áreas, de modo a que os nossos jovens tenham futuro na terra que os viu nascer.

 

Quais os principais desafios que o presidente de câmara que será eleito para o quadriénio 2021/2025 terá pela frente?

O primeiro desafio é combater o êxodo rural, criando condições para que as empresas se instalem e criem emprego, para que as famílias tenham sustentabilidade. O segundo desafio é apresentar projetos que tenham fortes possibilidades para serem apoiados pela Comunidade Europeia e que, simultaneamente, sirvam as necessidades do concelho. A renovação da habitação é também um desafio, para que a oferta de casas seja acessível a todos. Outra prioridade é adaptar o concelho à realidade do futuro, em termos de ambiente e alterações climatéricas. Não podemos descurar a manutenção de edifícios e de infraestruturas de uso permanente, para garantir que quem cá vive tenha orgulho no seu concelho, na sua aldeia, na sua câmara e junta de freguesia, que têm de estar ao lado dos munícipes e fregueses.

Comentários