O processo de vacinação contra a covid-19 destinado a idosos com mais de 80 anos e a pessoas entre os 50 e os 79 com comorbidades deveria ter arrancado em Beja na passada quarta-feira, como tinha sido anunciado pelo presidente da Câmara Municipal, Paulo Arsénio. Mas devido ao “número insuficiente de vacinas” que chegaram ao Alentejo, o início desse processo foi adiado.
Texto Marta Louro
A previsão é que “assim que houver [vacinas] em número suficiente” - ainda antes do final do mês de fevereiro, - a inoculação arranque em Beja, explica Paulo Arsénio. A campanha de vacinação contra a covid-19 vai decorrer no Pavilhão Municipal João Serra Magalhães, numa estrutura que previsivelmente irá permanecer “montada até 31 de agosto”, explicou o autarca, sem precisar quantas pessoas irão ser abrangidas pela operação.
Ainda assim, Paulo Arsénio estima que poderão ser vacinadas cerca de 350 pessoas por dia, com base nas informações prestadas pelas autoridades de saúde, segundo as quais “uma equipa de quatro pessoas consegue fazer 50 vacinações por hora”.
“Haverá quatro postos de vacinação a funcionar em simultâneo. As pessoas entram por um lado do pavilhão e saem por outro, sempre em circuitos separados, com zonas de espera antes e depois da vacina perfeitamente separadas e distanciadas”, explicou o autarca, acrescentando que a vacinação deverá decorrer durante quatro horas por dia. “O processo decorrerá ou da parte da manhã ou da parte da tarde”.
Segundo Paulo Arsénio, toda a infraestrutura no pavilhão “está preparada” para o efeito. “Se a vacinação tivesse começado na quarta-feira, Beja estava preparada para isso, porque existiam condições”. Por outro lado, se o número de vacinas que chegar a Beja, nesta fase, não for em grande quantidade, levando a que apenas um reduzido número de pessoas possa ser vacinado, o processo poderá iniciar-se no centro de saúde. E só depois, quando o número de vacinações começar a “disparar” é que passará a ser utilizado o Pavilhão João Serra Magalhães
“No final de março, se as vacinas forem fornecidas em quantidade suficiente, a expectativa é que a população que está abrangida por esta fase esteja toda vacinada”, perspetiva Paulo Arsénio. A vacinação de toda a população do concelho nunca estará concluída antes do verão.
Em declaração ao “Diário do Alentejo”, o presidente da Administração Regional de Saúde (ARS) do Alentejo, José Robalo, confirmou que a vacinação na região começou esta semana mas apenas em dois centros de saúde: o de Grândola e o de Elvas. “Nesta primeira fase piloto, foram distribuídas 1 500 vacinas, tendo em conta a existência de pessoas que obedecem aos critérios de vacinação. A distribuição foi feita de forma a existir uma maior equidade de acesso em relação a estes dois centros de saúde”.
Segundo José Robalo, “se tudo correr bem”, no que diz respeito à marcação de vacinas, o processo estender-se-á ao Baixo Alentejo e ao Alentejo Central nos próximos dias. “Quando passarmos ao Baixo Alentejo será o conselho de administração da Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (Ulsba) que decidirá, em função do risco de incidência do novo coronavírus, qual ou quais os concelhos que devem iniciar a vacinação. O mesmo acontecerá em relação ao Alentejo Central”, acrescenta o presidente da ARS do Alentejo, sublinhando que a ideia é “começar devagar, mas de forma sustentada para que não existam quebras”.
Conceição Margalha, presidente do conselho de administração da Ulsba, confirma ao “DA” que não existem ainda certezas quanto ao início da vacinação no Baixo Alentejo. “Estamos a preparar tudo para que isso aconteça, mas não sabemos ainda a data em que começa, nem quanto é que iremos ter as vacinas”.
PRIORIDADES DE VACINAÇÃO
Nesta fase, que o Ministério da Saúde quer ter concluída até final de março, serão vacinados todos os idosos com 80 ou mais anos e pessoas com 50 ou mais anos que tenham algumas patologias, entre as quais insuficiência cardíaca, doença coronária, insuficiência renal ou doença respiratória crónica sob suporte ventilatório e/ou oxigenoterapia de longa duração.
Esta fase abrange também os profissionais de saúde diretamente envolvidos na prestação de cuidados a doentes, funcionários e utentes de lares de idosos e da rede nacional de cuidados continuados integrados, assim como elementos das forças armadas, das forças de segurança, de serviços críticos e titulares de órgãos de soberania.
VACINAS NÃO CHEGAM PARA TODOS
Nesta fase está prevista a administração da vacina de covid-19 a mais de 60 mil pessoas no Alentejo. Mas até ao fecho desta edição tinham apenas chegado 1500 vacinas, número insuficiente até para assegurar a vacinação nos dois concelhos onde o processo se iniciou: Grândola e Elvas. No caso de Grândola, o presidente da Câmara Municipal, António Figueira Mendes, criticou não só os alegados atrasos no arranque desta nova fase de vacinação – inicialmente previsto para segunda-feira, dia 8, mas que só se efetivou dois dias depois – e, sobretudo, criticou a não divulgação de que a vacina ainda não iria chegar a “toda a população que está abrangida nesta primeira fase”, num total de 2.200 pessoas residentes no concelho. Segundo António Figueira Mendes, as pessoas que já tinham sido contactadas “tiveram de ser desconvocadas, o que deu muito trabalho aos serviços de saúde e aos serviços da câmara que tinham mobilizado todos os meios” para o início da vacinação. “Parece que houve aqui algum engano que tem que ver com o início do processo que vai desenvolver-se. Aquilo que nos informaram, ‘à posteriori’, é que, nesta fase, só vão ser vacinadas 600 pessoas ao longo de três dias. Posteriormente serão as restantes”, explicou. Para o presidente da Câmara, houve “falta de coordenação por parte dos serviços centrais em todo o processo”. As primeiras vacinas contra a covid-19 foram administradas no centro de acolhimento do Parque de Feiras e Exposições de Grândola, onde foram montados “quatro postos de vacinação, com seis enfermeiros e um médico”.