Diário do Alentejo

Mora: Movimento Chão Nosso denuncia destruição de anta

17 de outubro 2020 - 12:05

Uma anta situada no concelho de Mora, no distrito de Évora, foi destruída alegadamente devido à plantação de um olival, denunciou um movimento de cidadãos, que exigiu o reforço dos meios de fiscalização.

 

Em comunicado, o Movimento Chão Nosso indicou que a anta situa-se em Cabeção, concelho de Mora, e que foi destruída durante "movimentações de solos, provavelmente, para plantação de mais olival em regime intensivo ou super intensivo".

 

"O monumento megalítico funerário agora destruído consta do Inventário Arquitetónico e Arqueológico do Plano Diretor Municipal de Mora e faz parte de um conjunto de monumentos e estruturas identificadas como do período do Neo-Calcolítico", realçou.

 

Segundo o Movimento Chão Nosso, "o crescimento desregulado das culturas intensivas continua a ser feito à custa do património arqueológico e em total desrespeito pelo património cultural e identitário desta região".

 

Abatem-se espécies de grande valor cultural como as azinheiras, sobreiros e oliveiras centenárias e arrasam-se sítios e monumentos arqueológicos", criticou o movimento, exigindo que sejam "reforçados os meios de fiscalização para evitar que venham a verificar-se mais situações desta e de outra natureza".

 

O Chão Nosso defendeu também "uma outra política de desenvolvimento para o Alentejo", que "respeite o património cultural e natural e promova a diversificação de culturas num sistema de captação e de fixação de recursos económicos para a região".

 

No dia 24 de setembro, a diretora regional de Cultura do Alentejo, Ana Paula Amendoeira, revelou à Lusa que este organismo já tinha apresentada uma queixa-crime contra a destruição de uma outra anta, situada na Herdade do Vale da Moura, no concelho de Évora.

 

Ontem, a Assembleia da República aprovou, por unanimidade, um voto de condenação pela destruição da anta situada na Herdade do Vale da Moura, desafiando o governo a tomar medidas para preservar o património arqueológico do país.

 

Na quinta-feira, o Bloco de Esquerda (BE) requereu a audição parlamentar da diretora regional da Cultura do Alentejo, Ana Paula Amendoeira, sobre "o abandono e a destruição sistemáticos" de vestígios arqueológicos na região de Évora.

 

Também o PS, anunciou o deputado socialista Capoulas Santos, vai avançar com um projeto de resolução no parlamento a recomendar ao Governo que os proprietários de terrenos com monumentos e sítios arqueológicos sejam obrigados a criar zonas de proteção.

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