Diário do Alentejo

Aeroporto: Hi Fly garante 40 posto de trabalhos em Beja

30 de setembro 2020 - 16:35

Fonte da MESA, empresa integrada no grupo Hi Fly, avançou esta semana ao “Diário do Alentejo” que a operação no aeroporto de Beja irá iniciar-se no próximo mês de outubro.

 

Texto Marta Louro

 

Os objetivos estão definidos: “Vamos começar com a criação de 40 postos de trabalho, e crescer até aos 150 nos próximos três anos, à medida que a atividade aumentar e que as pessoas forem sendo formadas”, acrescentou a mesma fonte, em resposta por email a questões colocadas pelo “DA”.

 

Paulo Arsénio, presidente da Câmara de Beja explica que a partir da primeira fase serão incluídos os formandos “que concluíram com sucesso o curso de técnicos de manutenção de aeronaves, ministrado no local”. A esses elementos “deverão juntar-se mais 10 outros técnicos de manutenção de aeronaves e 10 pessoas de engenharia e da área administrativa para dar início às operações da empresa”. O autarca revela ainda que a previsão é que até ao final do ano “estejam criados os primeiros 35 a 40 postos de trabalho fixos”.

 

Os trabalhos vão iniciar-se, faseadamente, “com a manutenção de linha e base, aumentando progressivamente à medida que as várias oficinas de apoio forem sendo certificadas”, explica fonte da empresa. O hangar servirá para manutenção de base da frota de aviões airbus da companhia aérea e de aviões de vários modelos airbus de outras companhias aéreas com contrato de manutenção com a MESA.

 

Esta nova infraestrutura é composta por um hangar, oficinas e arranjos exteriores. Com uma área total de 9 500 metros quadrados, o espaço dispõe de um centro técnico com capacidade para aviões de grande porte, nomeadamente os modelos Airbus A319, A320, A321, A330, A340 e A350. Após entrar em funcionamento, está previsto “o alargamento das oficinas de apoio e armazenamento em volta do hangar”. A previsão é de mais três mil metros quadrados. Se tudo correr como previsto, o investimento avançará em 2022.

 

As obras tiveram início em março do ano passado. Na altura, Paulo Mirpuri, presidente do grupo Hi Fly, explicou que a escolha de Beja prendeu-se com o facto de ser o “único” aeroporto português que “pode acomodar todos os tipos de aeronaves que constituem a frota da Hi Fly, incluindo o Airbus A380”, o maior avião comercial do mundo. “Com o acréscimo da capacidade” de manutenção, através do novo hangar, a MESA espera “não só acompanhar o forte crescimento da frota da Hi Fly como captar novos clientes oriundos principalmente da Europa e de África”, acrescentou Paulo Mirpuri.

 

Os testes começaram em junho. O Airbus 330-900 NEO, de 371 lugares e com um peso máximo de descolagem de 242 toneladas, foi o aparelho que fez o teste de resistência à camada superficial do pavimento do novo hangar da Hi Fly. Na altura, o autarca manifestou ao “Diário do Alentejo” a sua satisfação com a conclusão do processo, defendendo “que estas atividades industriais aeronáuticas serão durante os anos mais próximos o mais viável motor de vida do aeroporto de Beja” que, no futuro, “poderá ser completado com outras valências”.

 

Para o autarca, “ao fim de muitos anos de expectativas sistematicamente goradas, de projetos que, por um motivo ou outro, caíam por terra”, a “teimosia” da empresa e da autarquia deu frutos e vai permitir “valorizar do ponto de vista económico a vertente civil do aeroporto, criando mais-valia para a região”.

 

Mas este foi um processo longo e com vários percalços pelo caminho. “Quando a Hi Fly e a MESA chegaram a Beja encontraram um aeroporto praticamente deserto. Com o apoio da entidade gestora do aeroporto, a ANA, do Grupo Vinci Airports, e do empenho do município de Beja, foi possível ir investindo progressivamente e hoje Beja é já um aeroporto com movimento, dotado de um hangar de manutenção de aviões de grande porte, base do maior avião de passageiros do mundo - o Airbus A380 - e onde trabalham centenas de pessoas”, disse ao “Diário do Alentejo” fonte da empresa.

 

Beja torna-se assim, uma das quatro bases permanentes da Hi Fly. A companhia aérea privada formada em 2005 é a terceira maior da aviação portuguesa, especializada no fornecimento de aviões em regime de “wet lease”, a outras companhias aéreas e a governos em todo o mundo. A sua frota de aviões é maioritariamente usada em operações de longo curso. A MESA é especializada em engenharia e manutenção de aviões comerciais de médio e grande porte, estando certificada para todos os modelos Airbus.

 

“Aeroporto de Beja tem de ser aproveitado e valorizado”

A ministra da Coesão Territorial reiterou, em entrevista à “Antena 1 e ao “Jornal de Negócios”, que é necessário aproveitar o aeroporto de Beja, mas afastou a hipótese de Beja poder substituir a construção do novo aeroporto para a região de Lisboa. “O país não pode ter um equipamento como o aeroporto de Beja sem o valorizar. Não concordo que possa substituir um aeroporto nacional. O que precisarmos é de ter um bom aeroporto nacional. Portanto, o de Beja nunca deixará de ser regional e não perde importância por isso, disse Ana Abrunhosa. “Estamos a falar de uma região extraordinária, com um potencial extraordinário, em que esta infraestrutura que não está totalmente aproveitada, como foi prometido aos alentejanos durante anos”, acrescentou a ministra da Coesão, que disse ainda concordar com a existência de ligações ferroviárias entre todas as capitais de distrito, conforme proposto por António Costa Silva no plano de recuperação económica recentemente apresentado.

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