Diário do Alentejo

Ministério Público abre inquérito a mortes em Reguengos

07 de agosto 2020 - 19:45

O Ministério Público (MP) instaurou um inquérito sobre o surto de covid-19 num lar em Reguengos de Monsaraz, que já provocou 18 mortos, revelou a Procuradoria-Geral da República (PGR), revelando que o processo corre termos no Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Évora.

 

O surto no lar provocou, até quinta-feira, um total 162 casos de infeção, incluindo 18 mortos: 16 utentes, uma funcionária do lar e um homem da comunidade. No lar, foram contaminados 80 utentes e 26 profissionais, mas a doença propagou-se à comunidade e infetou outras 56 pessoas.

 

Numa resposta por correio eletrónico a questões colocadas pela Lusa, a PGR revelou que já recebeu o relatório da Ordem dos Médicos (OM) para avaliar as circunstâncias clínicas do surto de covid-19 no lar de Reguengos de Monsaraz, indicando que o documento "encontra-se em análise".

 

O lar onde começou o surto não cumpria as orientações da Direção-Geral da Saúde (DGS), conclui a auditoria, divulgada na quinta-feira à noite, com a comissão da OM a apontar responsabilidades à administração e a fazer também críticas à Autoridade de Saúde Pública e à Administração Regional de Saúde.

 

No relatório, que já foi enviado ao MP, Ministério da Saúde, DGS e à Ordem dos Advogados, a Ordem dos Médicos alega, entre outros aspetos, que foram criadas todas as condições para a "rápida disseminação" do vírus, "com responsabilidades para quem geria o espaço, o processo de rastreio epidemiológico e a aplicação das normas da DGS".

 

A comissão de inquérito conclui pela "desorganização e consequente prejuízo para os doentes, atribuível à Autoridade de Saúde e à ARS do Alentejo", dizendo que "o processo de governança clínica" falhou. Reconhece ainda que a instituição melhorou as condições para os utentes, mas "a falta de coordenação e gestão continua a impedir que os doentes, os profissionais e os voluntários estejam em ambiente seguro", responsabilidade que atribui à ARS e à autoridade de saúde.

 

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