Diário do Alentejo

VI Torneio de Xadrez de Vidigueira teve elevada participação

19 de maio 2023 - 13:00
Venha uma nova geração
Foto | Firmino PaixãoFoto | Firmino Paixão

O xadrezista louletano Tiago Brandão Pinho, individualmente, e o Clube de Xadrez de Ferreira do Alentejo, por equipas, foram os vencedores do VI Torneio de Xadrez de Vidigueira. Na vertente popular a vitória sorriu à individual Cláudia Monteiro. O torneio reuniu 40 jogadores.

 

Texto Firmino Paixão

 

O Torneio de Xadrez de Vidigueira, na edição 2023, sexta em todo o seu historial, reuniu quatro dezenas de xadrezistas vindos de toda a região Sul do País. Jogadores dos cinco aos 80 anos e de ambos os géneros, contando até com a presença de um mestre nacional (título atribuído aos jogadores que consigam uma pontuação superior a 2000 pontos no ranking federativo da modalidade), o barreirense Vítor Morais, do Clube de Pessoal da EDP.

 

A competição é uma organização da Câmara Municipal de Vidigueira, em parceria com o Clube de Xadrez de Vidigueira e apoio técnico da Associação Distrital de Xadrez de Beja. Disputou-se no sistema suíço, aberto de semi-rápidas, nas variantes de torneio oficial (homologado pela respetiva federação) e torneio popular.

 

Otelo Galinha, dirigente do Clube de Xadrez de Vidigueira e rosto principal da organização, lembrou: “O impedimento de nos reunirmos em tempo de pandemia até, por ironia do destino, potenciou a maior prática de xadrez através da Internet, uma prática que teve uma assinalável explosão, um crescimento exponencial. Existe até uma série na ‘Netflix’, o ‘Gambito de Dama’, muito bem realizada, cinematograficamente, que despertou as famílias para esta modalidade, e tudo isso permitiu que o xadrez sobrevivesse à pandemia”.

 

No presente ano, garantiu Otelo, “estavam reunidas as condições” para regressarem ao torneio presencial “e com o grande apoio do município de Vidigueira, como sempre, aliás”. “Foi possível organizarmos esta sexta edição, que contou quase com o dobro de participantes da última edição. Vieram jogadores do Algarve, de Setúbal, do Barreiro, do Montijo, de Évora, enfim, de todo o Sul do País, além dos que estavam nesta região”.

 

O xadrezista revelou que tão grande número de participantes ficou a dever-se, principalmente, “à melhor forma de publicidade” que conhecem, que é “boca a boca”.

 

“Jogadores que já cá estiveram em edições anteriores, que convidaram amigos, porque levaram daqui boas recordações, pela forma como foram recebidos. Ficaram com boas referências e, então, como estes atletas se encontram noutros torneios, encontram-se nos clubes ou nos cafés para fazerem um joguinho, falam uns aos outros na qualidade deste nosso evento, sabem que na Vidigueira as coisas estão bem organizadas e os torneios são bem-sucedidos. Depois conhecem a nossa forma de saber receber e isso deixa as pessoas curiosas”.

 

Ainda assim, referiu Otelo: “É agradável termos um elevado número de participantes, obviamente que isso pesa, mas também nos interessa a forma como decorre o torneio, para que as pessoas saiam daqui satisfeitas e com vontade de cá voltar no futuro”.

 

O sucesso, esse, está naturalmente associado à qualidade técnica dos participantes, por isso, o organizador fez notar: “Neste ano, pela primeira vez, temos um mestre nacional no nosso torneio. Sabemos que o torneio não é de um nível muito elevado, porque não atribuímos prémios monetários, e não conseguimos atrair jogadores de topo, mas tivemos um torneio equilibrado, com xadrezistas com um nível muito aproximado, ou seja, a competição foi dura, muito mais do que se tivesse contado aqui com alguns jogadores fortes e os restantes mais fracos. Foi uma competição equilibrada, com o mestre Vítor Morais [quinto classificado], com jogadores de clubes que participam continuamente noutros torneios e que deram muita competitividade ao torneio de Vidigueira”.

 

Quanto ao futuro desta organização, tradicionalmente inserida nas comemorações do Dia da Liberdade (mas neste ano diferida para maio), Otelo Galinha não tem dúvidas: “Está assegurado. Já conversámos sobre isso com o presidente do município, Rui Raposo, e convergimos na ideia de que o torneio tem futuro, e que esta iniciativa veio para ficar. O torneio irá continuar e terá, por certo, o apoio possível da Câmara Municipal de Vidigueira, sem o qual seria de todo impossível, porque o apoio que nos proporcionam é absolutamente relevante e fundamental. Estamos confiantes”.

 

O Clube de Xadrez de Vidigueira, esse, está à espera de melhores dias, ou seja, à espera de uma nova geração de xadrezistas, garantiu o dirigente.

 

“As pessoas que o impulsionaram, que foram pioneiros, hoje em dia têm o seu trabalho, têm a sua família e menos disponibilidade. As deslocações para qualquer torneio são sempre longas e dispendiosas, então, passámos por um período de inatividade, contudo, já acabou a pandemia, temos que voltar à atividade, e vamos tentar reativar o clube, para que os filhos dos atuais jogadores iniciem a sua prática no xadrez. Os pais já têm essa prática interiorizada, todos sabem jogar, todos sabem as regras, e isso pode ser uma ferramenta importante para lançarmos novos jogadores e relançarmos o Clube de Xadrez de Vidigueira”, concluiu.

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