Diário do Alentejo

João Manuel Pinto é o novo treinador do Moura

17 de março 2022 - 16:50
Foto | Firmino PaixãoFoto | Firmino Paixão

João Manuel Pinto, antigo jogador do Porto e do Benfica, assumiu na última semana o comando técnico do Moura Atlético Clube. Estreou-se a jogar em casa e com uma vitória tangencial, mas justa, sobre a formação do Futebol Clube Castrense, então líder do campeonato da A.F. Beja.

 

Texto Firmino Paixão

 

O antigo central das águias e dragões chegou ao Alentejo para recolocar a equipa mourense no caminho do título da primeira divisão distrital da A.F. Beja, com o consequente regresso aos campeonatos nacionais, patamar de onde o Moura se viu arredado na última época desportiva.

 

João Manuel Pinto assume-se como um treinador exigente, quer que os seus jogadores tenham atitude, que trabalhem e tenham disponibilidade individual para, a cada momento, contribuírem para o sucesso do grupo. Para já, esta mensagem parece que está a passar, porque o técnico chegou, viu e venceu.

 

Uma estreia feliz para o João Manuel Pinto, perante um adversário que chegou a Moura como líder do campeonato?

Sim, feliz pelos meus jogadores, sobretudo porque as vitórias dão confiança, moralizam e acima de tudo, sublinho a disponibilidade dos meus atletas. É esta a mensagem que tenho que passar aos meus jogadores e, pelos vistos, consegui fazê-lo. Temos que correr todos e, se o fizermos, as coisas ficam mais fáceis para o grupo. O futebol não pode jogar-se com dez jogadores a correr e um indisponível para o fazer. Mesmo um jogador que esteja no banco, quando entra, tem que o assumir, seja em que momento do jogo for. O futebol é um jogo em que, para se ganhar tem que se sofrer, tem que se lutar, correr, trabalhar. Estes são os ingredientes para o sucesso de qualquer equipa.

 

Como encontrou o grupo de trabalho?

Resignado, desmotivado… Quando os resultados não são positivos, seja a que nível for, o grupo desmoraliza, cria desconfiança, porque as coisas acabam por não sair bem. Às vezes, até se esforçam, mas as coisas não saem e isso contamina o grupo. Por muito que um grupo seja forte e tente dar tudo o que tem, quando as coisas não estão a sair bem, o grupo desmoraliza. Mas é importante, também, o apoio da massa associativa. Hoje, felizmente, as coisas saíram bem, mas sim, realmente, vi um grupo triste, porque os resultados não eram bons. Um jogador tem que se mentalizar de que, no final de uma partida, seja qual for o resultado, tem que estar com a consciência tranquila de terem dado tudo em prol da equipa. Os jogadores que não acreditam, que baixam os braços, esses são os derrotados, não podem estar numa equipa.

 

Encontrou qualidade neste plantel ou vai pedir alguns reforços?

O problema é que, neste momento, não é fácil arranjar reforços. Reforços, qualquer treinador do mundo os quer, desde que sejam para acrescentar valor e que proporcionem outras opções à equipa, e ao treinador. O mercado fechou, não é fácil encontrar agora bons jogadores disponíveis. Se são realmente bons, estão a jogar. Estamos à procura, mas sabemos que será difícil, não direi impossível, mas vamos ver, porque notou-se realmente uma quebra. Quando tivemos que substituir dois jogadores, a equipa quebrou um bocadinho as dinâmicas. É verdade que a equipa está um pouco desequilibrada, mas acima de tudo é preciso que estes jogadores acreditem em si próprios, que tenham atitude e que cresçam e é nesses aspetos que nós, treinadores temos que trabalhar. Temos que treinar bem, todos dias, para chegarmos ao jogo e termos sucesso. As vitórias conquistam-se no primeiro dia da semana, com o trabalho. Um jogo é o reflexo daquilo que fizemos durante toda a semana, e isso não vai no treinador. O treinador é o responsável, decide quem joga, quem não joga, mas o jogador tem que ter atitude e fazer aquilo que o míster lhe pede. O treinador não tem nenhuma varinha mágica, cheguei esta semana e não trouxe nada disso comigo, trouxe sim a ideia de que todos têm que correr, que trabalhar, que se esforçar e dar tudo o que têm dentro de si.

 

O que lhe foi pedido? Que procurasse ser campeão?

Qualquer jogador, qualquer treinador, dirigente ou adepto, sonha com isso. E nós temos que sonhar, enquanto matematicamente isso for possível, até porque ainda teremos uma segunda fase do campeonato, temos muitos jogos pela frente, vamos perder, empatar ou ganhar mas, é como eu digo, temos que pensar jogo a jogo porque, às vezes, o mais fácil é partir de trás. Se andamos na frente, às vezes, deixamos as coisas andar e quando acordamos já não estamos em primeiro lugar. Nós temos pela frente belíssimas equipas, um calendário difícil e temos alguns pontos de desvantagem, que precisamos recuperar. Se não conseguirmos subir, temos que ter a consciência tranquila de que fizemos tudo para o conseguir.

 

Conhecia o Moura Atlético Clube? Foi fácil aceitar este desafio de vir para o Alentejo?

Vivo no Algarve e já conhecia o Moura. Quando treinei o Moncarapachense joguei contra o Moura e sabia que tinha bons jogadores e umas infraestruturas fantásticas. É uma cidade bonita, tem gente que sabe receber as pessoas que vêm de fora, é uma terra pacífica, portanto, os jogadores têm tudo à sua mercê, nada nos falta. Os nossos jogadores, perante isto, só têm que fazer uma coisa: irem para dentro do campo e darem tudo por este emblema. Temos o exemplo dos operários que, muitas vezes, se levantam ainda de madrugada e regressam a casa bastante tarde, auferindo um salário que nem sempre corresponde ao seu desempenho. Isso, sim, é difícil! Portanto, não me digam que é difícil um jogador trabalhar uma hora e meia por dia. Não sou sonhador, mas tenho que ser exigente com os meus jogadores, se não for assim, não estarei cá a fazer nada. Eles terão que perceber esta mensagem, porque trabalham uma hora e meia por dia. Se quiserem atingir patamares mais elevados, têm que ter qualidade, têm que sofrer para atingir essas metas. Temos que ser ambiciosos.

 

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