O bispo de Beja, D. João Marcos, garantiu que está a ser feito todo o trabalho de reconhecimento das peças de arte sacra pertencentes a várias paróquias do Baixo Alentejo e ao seminário, que se encontravam desaparecidas, para posterior devolução.
A diocese de Beja está a fazer “todos os possíveis” para encontrar as peças de arte sacra cedidas por várias paróquias, para exposições promovidas pelo extinto Departamento do Património Histórico e Artístico (DPHA), e que não terão regressado à proveniência, disse D. João Marcos à “Radio Renascença”, tendo anunciado a “recuperação” de uma “boa parte” desse espólio.
“Algumas dessas peças estavam guardadas na Igreja de Santiago do Cacém. Só agora foram encontradas porque esse museu esteve fechado, por causa de um processo judicial que tinha a ver com as indemnizações devidas à empregada que o extinto DPHA lá tinha colocado”, explicou.
O bispo confirmou que “essas peças estavam ali depositadas há bastantes anos”, tendo sido “reclamadas sucessivamente, e em vão, pelas paróquias e pelo Seminário de Beja”, garantindo que a Comissão Diocesana de Arte Sacra tem estado a trabalhar “intensamente” no sentido de localizar as peças que foram emprestadas para exposições não tendo sido devolvidas.
“Neste momento ainda há peças cujo paradeiro se desconhece, e a diocese fará todos os possíveis para as encontrar e devolver aos seus legítimos proprietários”, garantiu D. João Marcos à Radio Renascença, referindo que cabe ao diretor da Comissão Diocesana de Arte Sacra, padre Manuel António do Rosário, a orientação de todo o trabalho de reconhecimento e devolução das peças, o que já está a acontecer.
Avaliados em milhares de euros, os objetos de arte sacra de paradeiro incerto foram emprestados ao DPHA, extinto em 2017, pelo bispo de Beja, devido à necessidade de “reajustar” as estruturas da diocese e por não ser “o meio mais adequado” para atingir os objetivos que levaram à sua criação, de acordo com o decreto de extinção.
As afirmações do bispo de Beja veem ao encontro das declarações do ex-diretor do DPHA ao “Diário do Alentejo”. Quando questionado sobre o paradeiro das peças de arte sacra desaparecidas, José António Falcão disse que “os empréstimos eram autorizados pela diocese, pelos senhores párocos ou, no caso dos museus paroquiais, pelos seus responsáveis”.
Segundo o ex-diretor, o DPHA não tinha autonomia, “dependia inteiramente” da diocese, e quando terminava uma exposição “as peças eram devolvidas na primeira ocasião”, exceto se “os responsáveis locais considerassem que não havia condições de segurança ou de conservação nos locais de origem e solicitassem que ficassem temporariamente em instalações da diocese; por estarem em conservação e restauro; ou por se tratarem de peças muito pesadas, particularmente sensíveis ou de dimensões invulgares, que aguardavam agrupamento para o seu transporte e recolocação”.
José António Falcão assegura que quando deixou de exercer funções “as peças nessas condições estavam no Museu Episcopal de Beja; no Museu de Arte Sacra de Santiago do Cacém; no Museu de Arte Sacra de Moura; na Igreja de Nossa Senhora ao Pé da Cruz; no Seminário Diocesano; e na Casa Episcopal de Beja. Todas elas referenciadas pela diocese”.
Adiantou, ainda, que quando deixou o cargo já haveria peças recolhidas para exposições que estavam a ser preparadas para a sua apresentação em 2016-2017 em três exposições, duas em Beja e uma em Santiago do Cacém.
“Quando o DPHA foi extinto, o que existia no Museu Episcopal foi entregue, após conferência, ao responsável designado pela diocese. Procedeu-se de modo idêntico relativamente ao Museu de Arte Sacra de Santiago do Cacém. Está documentado de acordo com os procedimentos habituais. Como havia também algumas peças a serem restauradas por iniciativa da diocese, isso mesmo foi transmitido, com a indicação dos ateliês onde decorriam as intervenções”, concluiu.