Diário do Alentejo

Andebol da Associação Cultural e Recreativa Zona Azul estará estabilizado dentro de dois anos

28 de abril 2024 - 12:00
Um país e duas realidades…

Com o final da época desportiva já no horizonte, marcada pelo aumento de equipas e de praticantes, a Associação Cultural e Recreativa Zona Azul, de Beja, mantém todas as suas equipas em diferentes competições.

 

Texto e Foto Firmino Paixão

 

As equipas sub/16, sub/18 e seniores, competindo em provas nacionais, os sub/14, nos regionais, e as equipas femininas a ganhar rodagem em diferentes torneios. Uma realidade assente na ambição de jogarem sempre contra os melhores, embora as dificuldades sejam muitas e não existam perspetivas de as atenuar.

José Bexiga Fialho, presidente do clube, fez a avaliação: “Tem sido uma temporada positiva do ponto de vista do aumento do número de praticantes. Aumentámos também o número de equipas e isso permite-nos, de certa forma, pensar que teremos o futuro mais assegurado, com um maior número de atletas, principalmente, nos escalões de formação, com os quais esperamos que, daqui a dois anos, as coisas possam ficar mais equilibradas”. O dirigente justificou: “A maioria dos nossos grupos é muito heterogénea. Temos alguns praticantes que já têm quatro, cinco e seis anos de modalidade e temos outros que se iniciaram há um ano, dois, e alguns há meses e, por isso, só o futuro nos permitirá fazer um trabalho mais sustentado e com alguma continuidade”.

Bexiga Fialho pormenorizou: “Conseguimos ir à segunda fase em sub/18, uma forma de aprendizagem, porque a equipa é bastante nova e, na próxima época, basicamente, será uma equipa de primeiro ano em sub/18, que terá um conjunto de aprendizagens para o futuro. Os sub/16 também passaram à segunda fase, jogando com equipas de um nível superior, algo que cumpre o nosso plano de jogarmos contra os melhores”. Com a aproximação do termo da época desportiva, o foco já está, naturalmente, no futuro. “Já estamos a preparar a próxima época, principalmente, ao nível dos escalões mais jovens. Estamos a criar-lhes métodos de habituação e de exigência para a próxima época desportiva. Os sub/14 são um escalão de entrada, em que aparecem muitos miúdos a experimentar pela primeira vez e, não tendo competição nacional, é aí que começamos a preparar os miúdos para os sub/16, esses, sim, já têm uma fase de apuramento para o nacional”. A ideia mestra, a estratégia para um melhor futuro, está definida: “Temos que criar condições para que os jovens praticantes possam evoluir e valorizar-se, porque, a partir dos sub/16, só conseguiremos ir mais além se obtivermos resultados, senão continuaremos a ficar por aqui fazendo o nosso trabalho”.

Os seniores, a competir, atualmente, no Torneio Complementar da Associação de Andebol de Setúbal, deixaram para trás um campeonato mais discreto, admitiu o presidente do clube: “Pela análise que fiz fiquei com a sensação de que podíamos ter feito algo melhor, uma participação um pouco mais positiva. Mas as contingências em que eles trabalham ainda são muitas, as condições não são as melhores. Temos muitos jogadores que só vêm treinar à sexta-feira para jogar ao sábado e tudo isso condiciona o trabalho de qualquer equipa técnica, seja ela qual for. Mas, pessoalmente, considero que devemos manter a equipa de seniores, pela importância que tem para que os miúdos alimentem uma perspetiva de futuro, para perceberem, pelo exemplo, que poderão jogar em idades mais avançadas”.

O dirigente vai mais longe: “Manter uma equipa sénior será sempre uma preocupação nossa, independentemente de podermos ter melhores ou piores resultados. O que é um facto, ou seja, para sairmos daqui, deste patamar que é a terceira divisão, teremos que ter um trabalho mais estruturado e com atletas com maior nível de treino, senão será bastante difícil”.

Um problema que não é exclusivo do andebol, mas transversal a todas as modalidades, é a saída dos jovens para as universidades. Bexiga Fialho não esconde essa preocupação: “Quando os atletas saem do escalão sub/18 é que entram para a universidade. Temo-los mantido aqui, serão uns quatro ou cinco. Mas a base da equipa são atletas sub/16. Sabemos já que dois vão embora, vão estudar para fora, portanto, a continuarem será no sistema de virem treinar apenas à sexta-feira. Pode acontecer que alguns dos que já saíram, e que estejam a acabar os seus cursos, regressem, e as coisas se recomponham”.

Mas, na Zona Azul, o andebol também se joga no feminino e com algumas boas experiências: “O andebol feminino está a dar passos muito importantes”, considerou o líder do clube. E adiantou: “Posso dizer que a nossa equipa sub/16 chegará ao final da época quase com 40 jogos, o que é notável. Já competiram em dois torneios nacionais, primeiro no ‘Feira/Cup’ e, agora, pela Páscoa, no ‘Setúbal/Cup’ e trata-se de uma equipa em que só duas atletas é que não se manterão neste escalão, por isso, disse, e reafirmo, que daqui por dois anos é que as equipas começarão a estar melhor dimensionadas para termos o processo completo em termos da formação. Depois, será só dar-lhe continuidade”.

Uma projeção que antecipa estabilidade, mas que também deixa perceber que existe confiança no futuro. Ou talvez não… “Queremos pensar que sim, mas isto é muito difícil. O clube, entre outubro de 2023 e março do corrente ano, já tinha mais de 30 mil quilómetros percorridos. Não é fácil. Estive a ler as declarações do presidente empossado da Federação de Andebol de Portugal, o dr. Miguel Laranjeira, que revelam grandes ambições, mas não sei para quem é que ele, às vezes, está a falar. Se fala só para metade do País, se o País está dividido ao meio, como antigamente com o Tratado de Tordesilhas, não sei do que estão a falar e preocupo-me um pouco, porque levar isto por diante numa região do interior do País é muito, mas mesmo muito, difícil. Os clubes não têm capacidade, quer do ponto de vista de recursos humanos, de técnicos, de logística, de estrutura e de organização. Precisamos de mais meios e de mais pessoas a colaborar connosco”, rematou.

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