Diário do Alentejo

José Luís Prazeres justifica a época bem-sucedida do Moura Atlético Clube

28 de abril 2024 - 12:00
“O melhor de nós”

Esta era, e foi, sem dúvida, a época do Moura Atlético Clube. Focados na conquista do título e no regresso ao Campeonato de Portugal, os atletas mourenses, liderados por José Luís Prazeres, desenharam um percurso quase imaculado, sagrando-se campeões distritais, com justiça e mérito.

 

Texto e Foto Firmino Paixão

 

“Fomos a equipa mais regular! Uma equipa que preparou bem a época, e dentro de algum secretismo, e esse terá sido um dos fatores fundamentais para aquilo que aconteceu”, revelou José Luís Prazeres, reconhecendo que o presidente do clube, Luís Jacob, lhe deu os trunfos de que precisou para ter sucesso. “Conseguimos juntar um grupo de jogadores que fazia antever que a época poderia ser bem-sucedida. Apetrechámo-nos com bons seres humanos, mantivemo-nos unidos e somos os mesmos desde o início”. Se dúvidas existissem, reiterou: “Fomos claramente a melhor equipa, frente a adversários fortes, equipas que nos fizeram ser melhores cada dia que passava e que também nos fizeram crescer, obrigando-nos a tirar o melhor de nós”.

 

No início tinha deixado a nota de que todos os pontos sairiam extremamente caros. O título revela que o clube fez um investimento de qualidade?

Optámos por investir na qualidade humana. Isso era o mais importante. Os pontos, no Alentejo, estão muito caros, porque a mentalidade está a mudar um pouco. Custa-me dizer isto, mas o jogador alentejano deixou, cada vez mais, de ter compromisso e não olha para o futebol como um objetivo de vida. Olha como um passatempo e depois torna-se mais difícil singrar. Hoje em dia todos os clubes têm bons treinadores, pessoas que sonham e que são profissionais dentro do amadorismo, e sabíamos de antemão que, limitados pelo orçamento, teríamos que juntar seres humanos incríveis. Quero deixar uma palavra de apreço a João Portela e António Parreira, pessoas que muito nos ajudaram nesta caminhada. Depois tivemos dois jogadores que foram fundamentais e a quem estou muito grato, Tó Miguel e Amar, duas figuras incontornáveis do clube.

 

Um empate em Moura, com o Castrense, outro em Aljustrel, depois a derrota em casa com o Almodôvar. Um jogo menos conseguido que não beliscou o mérito do percurso?

O mérito é inteiramente dos jogadores. No início do campeonato, quando fizemos contas, olhámos muito para isso. Sabíamos que existiam determinados campos onde tínhamos que ser muito fortes para não perdermos. A derrota com o Almodôvar, que eu assumo, foi extremamente injusta, sem beliscar o mérito do adversário. O próprio empate com o Castrense, uma equipa que vendeu cara a perda da competição, também o considero injusto. Jogámos frente a uma equipa com um grande treinador, uma equipa que, nas últimas épocas, vinha de quatro títulos, que tinha a sua ambição e que se reforçou no mercado de inverno com jogadores vindos do Campeonato de Portugal. Já dizia Giovani Trapattoni: “Quando não consegues ganhar, não deves perder”. Por isso, o empate em Aljustrel acabou por ser um mal menor, se olharmos ao histórico dos jogos entre estes clubes. Agora, a derrota fez mossa, queríamos acabar o campeonato sem derrotas no nosso “castelo” e não o conseguimos. Mas isso fortaleceu a equipa, para enfrentar as novas batalhas e para responder às adversidades.

 

O clube tinha mais duas frentes competitivas. Na Taça Distrito receberá o Penedo Gordo, na Taça de Honra foi eliminado pelo Almodôvar no desempate das grandes penalidades…

Dominámos totalmente o jogo com o Almodôvar. Tivemos várias oportunidades, muitas bolas aos ferros, mas não fomos competentes no momento das grandes penalidades. O futebol é um jogo, temos que estar preparados para perder. Estou preparado para isso. Algo que agradeço muito ao meu pai e ao meu avô, duas pessoas que fizeram de mim aquilo que sou hoje e que sempre me prepararam para não ter medo de perder. Quero ganhar muito mais vezes do que perder, é óbvio. Mas perdemos o jogo com o Almodôvar porque não fomos suficientemente competentes. A baliza é grande, a bola é pequena, e acertar na trave não é falta de sorte, é falta de competência. O Almodôvar foi a nossa “besta negra” ao longo da época. Mérito deles! Desejo que sejam felizes na final. Mas estamos na meia-final da Taça Distrito, queremos ir mais longe, queremos discutir o troféu, será um dia muito especial, que já vivenciei enquanto jogador, por isso, queremos vencer esse troféu. Será um marco importante para todos nós e para o clube.

 

Concluem o campeonato com uma deslocação a Castro Verde e a despedida, em casa, com o Aldenovense…

Já disse aos jogadores que, a partir do momento em que foram campeões, os jogos serão diferentes. As outras equipas deixam de jogar contra o Moura e começam a jogar contra os campeões. E nós temos que justificar a razão de termos conquistado este título. A última imagem é que fica. O clube dá aos treinadores, e aos jogadores, condições para que toda a estrutura trabalhe, todos os dias, no limite das suas competências. Vamos disputar esses jogos com esse espírito. Quis o destino que, após sermos campeões, o jogo seguinte seria no campo do nosso principal rival ao longo da época e que o último jogo seria um dérbi. Vamos encarar esses jogos com a máxima responsabilidade, porque esse é o compromisso de todos nós com o Moura Atlético Clube, para honrarmos o clube e os seus pergaminhos.

 

E o futuro? Será cedo para falarmos da próxima época e da sua eventual continuidade no clube?

 

Não vou negar que o meu objetivo é treinar no Campeonato de Portugal. O sonho comanda a vida e se deixarmos de sonhar deixará de fazer sentido estarmos aqui. Sonho muito. Trabalho muito para tornar os meus sonhos realidade, gostaria muito de continuar para o Campeonato de Portugal. Trabalho para isso, tenho dois adjuntos que me ajudam nesses sonhos, tenho, neste momento, um presidente que me dá muito, dentro das limitações financeiras que o clube tem. Portanto, vamos ver o que dará o futuro. Mas o futuro terá que se reger com aquela máxima deste ano, que é “sermos melhores amanhã do que fomos hoje”.

Comentários