Diário do Alentejo

Moura e a sua evolução futebolística
Opinião

Moura e a sua evolução futebolística

José Saúde

05 de maio 2024 - 12:00

Em Moura, pátria da princesa Salúquia, filha do governador muçulmano Abu Hassan, o jogo da bola terá surgido no ano de 1912.

Um grupo de estudantes dispersos pelas cidades de Beja, Évora e Lisboa, levou para a localidade uma bola de futebol e o vício expandiu-se pela juventude.

Os irmãos Eduardo e Custódio Teixeira, Manuel Piçarra e Bandeira Gomes terão sido os pioneiros no lançamento do futebol naquela urbe. Em 1918, Manuel de Andrade, jogador do Glória ou Morte, de Beja, Marcos Mesquita, António Costa, José de Brito, José Vasco, Francisco Salgueiro, Joaquim Fialho, Miguel Fialho Barreto e João Piçarra Pires foram os obreiros de uma aventura que resvalou para a empatia dos jovens enveredarem pela modalidade. Em 1922 constituiu-se o Moura Foot-Ball Club, sendo a sua sede na rua 1.º de Dezembro. Estava dado o pontapé de saída para a implementação do futebol no povoado mourense.

A preocupação imediata passava pela disponibilidade de um espaço que obedecesse à construção de um campo. Neste contexto, fizeram-se diligências junto a lavradores e António José Vasco, administrador da casa agrícola Azevedo Coutinho, cedeu a courela da nora e lá se edificou a infraestrutura.

Nesta fase, segundo informações deixadas por Melo Garrido, a paixão pelo prodígio futebolístico estava ao rubro. João Ganchinho de Brito fundou o Sport 9 de Abril e em finais de 1923 um novo símbolo salta para a ribalta, o 5 de Outubro Foot-Ball Club. Com a modalidade em crescimento foi fundada a Federação de Foot-Ball Mourense que tinha como presidente Evaristo Pereira, Manuel de Andrade (Moura FC), secretário, João Nobre (9 de Abril), tesoureiro, José Rodrigues (5 de Outubro) e André Mendes (Luso), vogais.

A 17 de janeiro de 1942 fundou-se o Moura Atlético Clube (MAC), um grémio que surgiu da união de quatro grupos de rapazes que disputavam amistosos derbies: Os Revoltosos, O Sempre Fixe, O Glória ou Morte e Os Onze Unidos.

Dessa triagem de jogadores destacavam-se José Costa, Miguel Serrano, Hilário, Carapinha, João Peres e João Acabado de entre outros condiscípulos. O interesse pelo jogo atingia o zénite e Leonardo Mendonça, tesoureiro do Banco de Portugal, em Moura, em conjunto com os amigos Patrocínio e Andrade, foram as peças básicas para a afirmação do MAC.

Diz a história que o MAC é um dos históricos da Associação de Futebol de Beja (AFBeja).

A classe dirigente que tem gerido o emblema jamais se quedou perante as dificuldades, seguiram sempre em frente e construíram um património quiçá incomparável.

O MAC militou no futebol nacional sénior, regressou aos regionais, mas a componente formação nunca fora descurada, registando-se várias presenças em competições nacionais. E é nesta panóplia de informações reunidas que concluímos que o MAC, vencedor do campeonato maior da AF Beja, época 2023/2024, é, de facto, um histórico, com provas dadas, em que as tradições permanecem com elevada altivez.

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