Diário do Alentejo

Castrense
Opinião

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José Saúde, jornalista

23 de março 2024 - 12:00

Manuel Joaquim Palma Valadas, nascido a 1 de setembro de 1909, terá sido o principal incitador na introdução do jogo da bola em Castro Verde, quando decorria o já longínquo ano de 1922. O grupo, constituído maioritariamente por jovens estudantes, esteve circunscrito aos seguintes elementos: Eduardo Jorge, José Costa, Manuel Fernandes, Cuba, Francisco Silva, Paco, José Cruz, Cândido Alves, José Alves, Álvaro Freire, Manaca e José Baltazar. Estes notáveis condiscípulos de Valadas foram os exequíveis timoneiros que acompanharam o novato mestre na aventura, arquitetando, desde logo, aquele que foi o primeiro Futebol Clube Castrense (FC Castrense) de que há memória. Todavia, a rapaziada desses primórdios dispersou-se e, em 1936, Manuel Batista Ramos juntou alguns dos sobreviventes do primeiro grémio e reativou a atividade desportiva na população, originando, com alma e coração, o segundo Castrense. Mas, eis que a evolução dos tempos por terras de Castro, vila situada em pleno Campo Branco, ditou um certo marasmo futebolístico na povoação, sendo que só a 1 de abril de 1953 José Vicente Colaço usufruiu da excelente ideia em reunir os moços que atuavam no Esperança e no Juventude e fundou o atual FC Castrense. Não obstante os eventuais percalços observados ao longo da sua existência, o que foi absolutamente normal, uma vez que os tempos eram outros, vejamos, porém, que a década de 1990 apresentou-se como crucial para sustentar a dimensão competitiva de uma coletividade em que se lhe reconhecem inestimáveis valores e títulos conquistados. Historicamente é importante que nos reportemos à época de 1990/1991, em que o Castrense conquistou o primeiro título de campeão do campeonato primodivisionário da Associação de Futebol de Beja, transitando para os nacionais, no caso a terceira divisão, competição esta em que permaneceu ao longo de sete ininterruptas temporadas, sob a batuta do técnico António Marques. O Castrense é, sem dúvida, uma agremiação hodiernamente eclética, aliás, uma afirmação que merece o nosso respeito e que ousamos, honestamente, afirmá-lo com seguridade. A agremiação tem feito um percurso seguro, e, sobretudo, estável, usufrui de excelentes infraestruturas físicas e os seus atletas espalham-se pelas diversas modalidades, ou seja, pelo futebol sénior e de formação, hóquei em patins, patinagem artística, atletismo e voleibol. Hoje, o Estádio Municipal 25 de Abril ou o Pavilhão Desportivo Municipal António dos Anjos são palcos de excelentes atividades circunstanciais, onde a juventude se entrega singelamente ao prazer de uma prática desportiva deveras salutar. Futebol Clube Castrense, um emblema cuja evolução desportiva, assim como a gerência de diretores que não viram a cara, se manifestam com rigor num palco onde as dificuldades tendem em imperar.  

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