Diário do Alentejo

Alvito tem plano estratégico para alavancar o seu território

28 de abril 2024 - 12:00
Documento foi apresentado na passada semana

A Câmara Municipal de Alvito apresentou, no passado dia 18, o Plano Estratégico de Desenvolvimento Económico e Social de Alvito, um documento que pretende alavancar o concelho, com medidas concretas, definidas no tempo, estando algumas já no terreno.

 

Texto Marco Monteiro Cândido Foto Ricardo Zambujo

 

“Aumentar a captação de talento e iniciativas empreendedoras nos domínios tecnológicos e culturais; atrair investimento de empresas industriais e serviços; criar 100 postos de trabalho qualificado nos diversos setores; aumentar a oferta e as receitas de turismo; implementar centros de competências tecnológicas e profissionais na Escola Profissional [de Alvito]; criar um Centro de Criatividade, Cultura e Conhecimento relacionado com a história e tradições de Alvito com base em tecnologias digitais; disponibilizar habitação e apoios para jovens casais a custos acessíveis”. Estes são os objetivos presentes no Plano Estratégico de Desenvolvimento Económico e Social de Alvito (Pedes Alvito) que foi apresentado pela Câmara de Alvito na passada semana, cujo grande desafio, como refere o presidente da autarquia, José Efigénio, é colocá-los em prática.

“Há muitos planos estratégicos em vários concelhos. A diferença, o que não é comum, é pô-los em prática. Nós já demos o primeiro passo, que é fazer o plano estratégico. No planeamento a curto prazo, há coisas que já estão a acontecer – não todas, algumas carecem de financiamento. Dou o exemplo das zonas de atividades económicas em ambas as freguesias, a própria imagem externa do concelho que nós tentámos [melhorar]. Diria que 80 por cento da estratégia que está definida a curto prazo, a um ano, está posta em prática. Toda a outra estratégia de dois a cinco anos e a mais de cinco anos está definida com financiamentos comunitários”.

Segundo a apresentação efetuada, a definição de uma estratégia, aliada a projetos que correspondem ao âmbito dessa mesma estratégia, com uma lógica de financiamento associada, é a mais-valia do documento que viu agora a luz do dia. “Para o município de Alvito, sendo um município pequeno como é, com dificuldades até de recursos humanos, é muito difícil, internamente, pôr um plano estratégico em prática. Contamos com esses financiamentos, contamos com outras parcerias externas (…) para podermos pôr em prática muitos desses investimentos. Um passo de cada vez, estamos aqui há dois anos, em que temos feito um trabalho de casa incansável e os resultados, normalmente, não aparecem de um dia para o outro. Estamos a trabalhar nesse sentido para pôr em prática e mostrar aquilo que temos feito como trabalho de casa”.

Em termos concretos, questões como potenciar a herança árabe presente no concelho, através da candidatura “Tradição Islâmica no Alentejo, em que Alvito lidera o consórcio que a submeteu ao Provere – Programa de Valorização Económica dos Recursos Endógenos; atrair jovens e empresas para o território através da qualificação e do conhecimento, seja por via da Escola Profissional de Alvito e dos seus centros tecnológicos, seja pela criação de zonas industriais ou agroindustriais; fomentar o turismo diferenciado, nomeadamente, através de um papel central que as grutas do Rossio possam assumir (cujos trabalhos de estabilização têm estado a ser feitos, prevendo-se que abram no próximo ano) e de um centro interpretativo associado a estas, mas também através, por exemplo, da Casa da Palavra Raul de Carvalho, que irá funcionar na antiga escola Conde Ferreira e cuja intervenção terá início neste ano, são alguns dos passos que já estão a ser dados ou em vias de acontecer. Estes são também alguns dos exemplos para fazer face ao principal problema do concelho, à semelhança de toda a região: a fixação e atração de população.

“O concelho de Alvito estava como eu o apanhei… Posso constatar é que é, provavelmente, o concelho mais atrasado do Baixo Alentejo. Não sei se se deve à gestão, se à própria localização. Posso constatar que a nível de desenvolvimento económico, tenho dados para o afirmar, é o concelho menos desenvolvido [da região] a nível económico. A título de exemplo, o concelho de Barrancos tem o dobro do desenvolvimento económico – 60 por cento a mais – do que tem o concelho de Alvito. O volume de negócios que existia no concelho de Alvito quando cheguei [em 2021] era à volta de 13 milhões de euros e o concelho de Barrancos à volta de 45 milhões de euros. Neste ano ainda não temos esses dados, o que posso dizer é que trouxemos uma empresa estratégica, porque conseguimos trazer e porque ‘acarinhámos’ a empresa, em que o seu volume de negócio é entre os 30 e os 40 milhões de euros anuais. Portanto, isto pode alavancar completamente o que é o concelho de Alvito. Não só esta empresa, mas outras que já tentámos trazer. Mas isto a curto prazo, porque a longo prazo é ter os nossos parques industriais e poder trazer as empresas e só elas é que poderão dar esse contributo de negócios que não temos no concelho de Alvito”.

A cerca de um ano e meio das próximas eleições autárquicas, que terão lugar em setembro ou outubro de 2025, José Efigénio considera que o documento apresentado, com medidas mensuráveis e concretas, “aumenta a responsabilidade dos próximos executivos” da Câmara de Alvito e não apenas a do atual. “Nós vamos fazer o nosso trabalho enquanto aqui estivermos. O próximo executivo, que entrará daqui por um ano e meio, se tiver a coragem de dar continuidade – porque, às vezes, nas câmaras municipais e com constantes mudanças, há falta de dar continuidade a projetos anteriores –, seria importantíssimo [que o fizesse], porque este é um plano a 10, 15, 20 anos. O próximo executivo terá já muito trabalho feito e já no terreno para ser, entre aspas, obrigado a dar continuidade a muito do que se pretende do plano estratégico”, conclui.

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