Diário do Alentejo

Entrada na universidade
Opinião

Entrada na universidade

Vítor Encarnação, escritor

22 de setembro 2019 - 11:00

Se para os alunos a colocação nas universidades e institutos é o culminar de todo um processo de aprendizagens básicas e secundárias, para os professores que os acompanharam desde o primeiro até ao último dia, essa entrada tem um significado que vai muito para além dos aspectos avaliativos que permitiram essa colocação. Há em cada um destes alunos uma marca dos seus professores, uma espécie de tatuagem indelével, fruto de uma relação diária de convivência, partilha e de confiança. 

 

Cada um dos alunos é o resultado do que foi sendo, do que foi aprendendo e vivenciando. Se nenhum homem é uma ilha, muito menos o será um jovem necessitado de quem lhe ensine rumos, formas e conteúdos. A relação entre o aprendiz e o seu mestre vai, necessariamente, muito para lá da organização institucional do ensino. Às vezes é-se pai, mãe, amigo, confidente. E os jovens, por norma seres justos e honestos, não esquecem nunca aquela voz que no meio das disciplinas, dos testes, das avaliações, os serenou, os despertou, os desafiou, os criticou, os elogiou, os formou, os definiu. 

 

Entrar na universidade não é levar consigo somente o resultado das pautas de avaliação e das médias. Quando entram na universidade, os alunos sabem que levam consigo e em si um número de homens e de mulheres que os moldaram e os trouxeram até à porta de um conhecimento superior.

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