Foi enquanto estudante e adepto do Portimonense que conheci o Hilton a que o povo da bola chamava minino. A designação era dele próprio que reclamava a bola para si e que a escondia para resolver jogos. Emparceirava então com o Edmilson, Ayrton, sobressaindo nele a imaginação criativa, engenho e toque de genialidade que transportava dentro de si a par de uma alegria contagiante. Mal supunha que o Hilton viesse jogar no ocaso da sua vida desportiva no Moura Atlético Clube e ajudasse decisivamente a nossa subida à 3a Divisão Nacional na época 1984/85.
Era então o futebol na sua feição antiga, que fazia madrugar os adeptos nas aldeias, vilas e cidades, tendo o Hilton encontrado o amparo no MAC, o clube típico de futebol, tal como, em Portimão, onde demonstrou toda a sua arte, imprevisível magia, e arte com a bola que guardava como um menino! Aqui, onde o Clube se aglutina com a terra, que o envolve, e que verdadeiramente a simboliza. O Hilton, a par de outros grandes jogadores, marcaram o MAC mas, também ele se dizia e reconhecia como mais UM, de Moura e como é grato revê-lo assim, como alma simples que era e agora partiu numa semana negra para o Clube.
O Desportivo de Beja, acolheu-o, ainda na posse das suas faculdades inatas que o distinguiam, mas o seu crepúsculo em Moura, ainda irradiou e contagiou os mourenses de forma inesquecível esta estrela da bola. Na hora dolorosa da sua perda, em que o MAC manifesta o seu pesar a toda a família, fica também o testemunho do Zé Atlético que só as causas mais belas do espírito humano, como o Desporto, conseguem criar em seu redor.
FOTO | Época 84/85 Canhete I, Francisco Cravo, Canhete II e Hilton (da esquerda para a direita)