Este artigo de opinião surge após saber da colocação de um cartaz por parte da PróToiro, junto à Assembleia da República, com o objetivo de fazer um novo ataque ao primeiro-ministro António Costa.
Tenho liberdade para escrever este artigo porque, apesar de ser socialista, fui o primeiro a contestar publicamente, através de uma carta aberta, o resultado das negociações do Orçamento do Estado para 2021, quando o Governo e o PAN pretenderam alterar a idade mínima para se assistir a espetáculos tauromáquicos, passando a mesma a situar-se entre os 16 e os 18 anos.
Durante a campanha eleitoral para as eleições legislativas que tiveram lugar a 6 de outubro de 2019, muitos dos agentes da tauromaquia fizeram uma campanha mais do que a favor de um candidato, contra António Costa. Dessas eleições surgiu um governo liderado pelo Partido Socialista, em que o primeiro-ministro ficou a saber que não conta com os taurinos e que não precisa deles para ser eleito, e assim vai buscar votos a outras fações da sociedade, como é o caso dos animalistas.
Pergunto se não seria mais fácil para as gentes dos toiros tomarem uma atitude como os homens do futebol, ou do desporto em geral, que não tomam posições políticas públicas e depois negoceiam com quem ganha? Não seria mais proveitoso para quem faz da tauromaquia um negócio? Eu acho que sim, que deviam deixar a política para os políticos, porque a tauromaquia não tem, nem pode ter, partidos, mas parece que todos têm o bichinho da política dentro de si.
Já pensaram nos socialistas que, dentro do parlamento, ainda não desarmaram da luta contra esta proposta do PAN, e que, continuando a defender a nossa causa diariamente porque são aficionados, podem ver o seu trabalho destruído porque ficam sem argumentos para nos defender?
Como é que alguém que tem na tauromaquia o seu ganha-pão e faz estes ataques ao primeiro-ministro vai depois querer pedir apoios em câmaras municipais, muitas delas dirigidas por pessoas do mesmo partido?
Termino a enviar um abraço ao Luís Miguel Pombeiro por assumir uma posição diferente da de todos os outros, mostrando que tem os seus próprios valores e sabe que tem mais a colher do que a perder mantendo-se isento politicamente.
Nota: mantenho o que disse em novembro passado. Isto é, se o Governo aceitar esta medida do PAN o meu cartão de militante do Partido Socialista seguirá nesse mesmo dia para o Largo do Rato.