Diário do Alentejo

Paulo Abreu de Lima: O Poeta Encantador
Opinião

Paulo Abreu de Lima: O Poeta Encantador

Jorge Barnabé, gestor

16 de janeiro 2021 - 18:45

Felizmente os poetas não morrem. São eternos em cada palavra, no sentimento puro que descrevem a partir da alma. São para sempre no olhar que nos deixa a esperança que os alimentou, o horizonte que nos desenharam. Os poetas são seres maiores, especiais, espirituosos. São como gente comum, com a diferença que sabem ir mais além.

 

Mas morrem os amigos. E essa dor de perda eterniza-se no nosso âmago e contamina-nos a memória. A morte do Paulo Abreu Lima é a morte de um homem, de um pai, de um marido, de um companheiro, de um amigo imenso de alegria e disponibilidade, de compreensão, de maturidade e de conhecimento.

 

Um homem grande na sua vida, nas suas criações, no seu talento. Um homem imenso na solidariedade, na lealdade, na palavra, no compromisso. Um homem que nos deixa tão sós, porque os homens não são eternos. Os poetas sim!

 

Evocar o cidadão e amigo Paulo Abreu Lima é algo de muito difícil, porque é coisa pessoal, de convivência e de opinião, do prazer honroso de o ter conhecido e com ele privado. É coisa que nos fica intimamente, que não se repete, que não se explica. É silêncio apenas! É dor somente!

 

Perder um amigo assim, doutra geração e tão dotado, é sentimento de tristeza profunda, de uma ausência que se nota nas conversas a qualquer hora, nas ideias de qualquer género, nos sonhos e projetos que, nessa morte, morrem também.

 

Mas o poeta encantador não morre, fica entre nós, nas palavras e no sentido da poesia, no alimento que o pensamento nos dá. Este poeta não morre, não é criador de desistências, é autor de uma memória eterna, feita nos cheiros, no tato, no olhar sobre a cidade, na perceção suave da natureza humana.

 

Este poeta é feito de palavras puras, de amizade aos homens comuns, de amor à família e à história, de evocação da vida. É poeta de canções belas, de melodias universais. É voz de sentimento pelas palavras, de regozijo pelo passado. É som escrito em nome do futuro, em nome da cultura, em nome da cidadania.

 

Este poeta não morre! Nasce de um homem bom e puro que nos alimentou com a sua vida, que nos alegrou com o seu pensamento. Este poeta é poesia no papel, é canto na voz dos maiores. Ê a sua própria voz a ecoar das planícies alentejanas ao plano de África. Este poeta é o mundo que o Paulo Abreu Lima nos deixa como legado, como oferenda à vida de um povo! E a este poeta devemos o respeito pelo homem maior que o criou…

 

Até sempre Paulo!

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