Dizem-nos que não devemos voltar ao sítio onde fomos felizes, avisam-nos que o sítio mudou, nós mudámos, a circunstância da vida é outra, o tempo alterou os pressupostos e já nada será como dantes, o risco de sofremos uma desilusão é elevado e pode deixar marcas emocionais negativas para sempre.
É claro que nada desta apreciação se aplica à Casa do Alentejo. A nossa Casa é um caso à parte, se nela se sentiu realizado e inteiro, se lá já foi feliz, então deve voltar, voltar sempre, voltar quanto antes, para a visitar, para a sentir, para a degustar. Tudo nela é um aconchego, uma pertença, um abraço.
A Casa tem saudades dos seus filhos, e são tantos, tantas gerações, tantos homens e tantas mulheres do sul e do sol, e por isso tem sempre a porta aberta, para os filhos, para os amigos dos filhos, para os forasteiros, para os viajantes, para os amantes da vida e da cultura, a porta está sempre aberta.
Entre, suba, para cima todas as emoções ajudam, sinta a alma, naquela Casa a alma preenche cada canto e cada peito, oiça uma pronúncia aqui, outra ali, esta é do Baixo, aquela do Alto, desfrute da arquitetura. As salas, as fotografias, o mobiliário, as paredes e as pessoas estão impregnadas de história e de histórias. O tempo escreveu ali livros inteiros.
Dentro da Casa vê-se, ouve-se, saboreia-se e sente-se tudo: casas brancas, planuras, restolhos, searas, montados, lonjuras, horizontes, modas, violas campaniças, baldão, despique, silêncio, açordas, migas, gaspachos, jantares de grão, ensopados de borrego, pão, vinho, medronho, azeite, o vento suão, brasa, orgulho, raízes, saudades.
A Casa é o largo da aldeia dentro da cidade grande, a Casa é a aldeia bonita e caiada dentro da cidade grande.
A Casa do Alentejo é a nossa raiz rodeada de Lisboa por todos os lados.
É sempre bom voltar a Casa.